quarta-feira, 4 de setembro de 2013

SAYONARA(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO - AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS



EDUCAÇÃO - AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS

  Facilmente se observa que a filosofia positiva se colocou no extremo oposto da especulação pura, exaltando, sobretudo, os fatos.

Continuação da Edição anterior

1.2 Positivismo Clássico



      Nas idéias de Comte temos alguns princípios fundamentais do positivismo, cujo emprego se considera como prática comum entre os pesquisadores. Estes princípios são: a busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos, mas resulta que para ligar os fatos existe “necessidade de uma teoria”. Não sendo assim, acredita que seja  impossível que os fatos sejam percebidos. “Desde Bacon se repete que são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados, mas para entregar-se à observação nosso espírito precisa de uma teoria” (Triviños, 1987, p. 34).

      Segundo Comte, o estudo das ciências possui algo muito mais elevado que o de atender o interesse da indústria, que é o de “satisfazer a necessidade fundamental sentida por nossa inteligência, de conhecer as leis dos fenômenos”, “prescindindo de toda consideração prática” (Triviños, 1987, p. 35).

      Também prega a submissão da imaginação à observação, mas isto não deve transformar “a ciência real numa espécie de estéril acumulação de fatos incoerentes’, porque devemos entender  “que o espírito positivo não está menos afastado, no fundo, do empirismo do que do misticismo” (Triviños, 1987, p. 35).

      O positivismo proclama como função essencial da ciência sua capacidade de prever. “O verdadeiro espírito positivo consiste em ver para prever” (Triviños, 1987, p. 35).

1.3 Características Principais do Positivismo

      Considerar a realidade como formada por partes isoladas, de fatos anatômicos, segundo a expressão de Russel e Witgenstein, é uma das características que mais têm pesado sobre a prática da pesquisa na educação. Pois a visão isolada dos fenômenos sociais, oposta à idéia de integridade e de transformação dialética, permitiu que nossos pesquisadores realizassem estudos, por exemplo, sobre o fracasso escolar, desvinculando de uma dinâmica ampla e submetidos a relações simples, sem aprofundar as causas. Não era feito um estudo mais aprofundado, desconsiderando todo o contexto. A evasão na primeira série surgia como relacionada com os anos de magistério dos professores, com seu grau de formação profissional, seu nível sócio econômico etc. Para o positivismo não interessavam as causas dos fenômenos, isso não era positivo, não era tarefa da ciência. Buscar as causas dos fatos, era ter uma visão desproporcionada da força intelectual do homem, de sua razão. Isso era metafísico. Assim, tendo os fatos como único objeto da ciência, fatos que podiam ser observados, a atitude positivista consistia em descobrir as relações entre as coisas. O que interessa ao espírito positivo é estabelecer como se produzem as relações entre os fatos.

Assim, eliminou qualquer perspectiva de colocar a busca científica ao serviço das necessidades humanas, para resolver problemas práticos. O investigador estuda os fatos, estabelece relações entre eles, pela própria ciência, pelos propósitos superiores da alma humana de saber. Não está interessado em conhecer as conseqüências de seus achados. “A ciência estuda os fatos para conhecê-los, e tão-somente para conhecê-los, de modo absolutamente desinteressado”.  O papel do investigador é exprimir a realidade, não julgá-la. Este ponto de vista, o de ser o conhecimento científico neutro, foi combatido, primeiro, no mundo dos cientistas sociais que não podiam conceber que a ciência humana pudesse ficar à margem da influência do ser humano que investigava. São poucos agora os que ainda defendem a neutralidade da ciência natural. Um dos traços mais característicos do positivismo está representado, por sua rejeição ao conhecimento metafísico, a metafísica (Triviños, 1987, p. 36-37).

      Precisamente foi o positivismo lógico que formulou o princípio da verificação. Segundo este princípio, será verdadeiro aquilo que é empiricamente verificável, isto e toda afirmação sobre o mundo deve ser confrontada com o dado. Desta maneira, o conhecimento científico ficava limitado à experiência sensorial.

      O Empirismo Lógico (conhecido também como Positivismo Lógico ou Neopositivismo), foi fundado por um grupo de filósofos e cientistas, conhecido sob o nome de “Círculo de Viena”, que no decorrer da década de 20, se reuniram em torno de Moritz Schlick em Viena, fundando uma das mais influentes correntes filosóficas e epistemológicas de nosso tempo. Seus principais integrantes foram, além de Schlick, Rudolf Carnap, Otto Neurath, Hans Hahn etc. O programa filosófico do Círculo de Viena foi ganhando cada vez mais influência, sobretudo nos países anglo-saxões, onde suas investigações não se limitaram ao campo da teoria da ciência, mas estenderam-se aos domínios da ética, da filosofia da linguagem e da filosofia da história. Tal corrente, que emergiu do Empirismo Lógico, recebeu mais tarde o nome de Filosofia Analítica (Carvalho, 1991, p. 66).

      O Círculo de Viena que incluía alguns dos mais conhecidos pesquisadores nas áreas das ciências naturais (Otto Neurath, M. Schlick, R. Carnap etc.), preocupava-se antes de tudo com as funções da filosofia. A filosofia que viam estava sobrecarregada com um excesso de “conversa fiada”; grande parte do que se escrevia não passava de palavras vazias, sem sentido e que nada descreviam. A filosofia deveria ser reformada e sua função redefinida. Seguramente influenciados pela sua formação e passado de ciência, eles viam para a filosofia uma função muito mais modesta: funcionar como uma supergramática da ciência (Castro, 1978, p. 39).  

     Os positivistas lógicos, especialmente Carnap e Neurath, desenvolveram a idéia denominada fisicalismo, numa tentativa de buscar uma linguagem única, comum para toda a ciência. O fisicalismo consistia em traduzir todo postulado científico à linguagem da  física. Se esse podia ser traduzido como forma de expressar suas verdades dessa ciência, então era científico. Os mesmos positivistas lógicos concordaram que esse esforço não alcançou resultados satisfatórios (Triviños, 1987, p. 38).

      É muito difícil, quando não impossível, delinear em poucas palavras a filosofia do Empirismo Lógico. Seus representantes sempre se caracterizaram pela autocrítica e por uma honestidade intelectual muito grande, o que acabou impondo uma série de revisões e modificações em suas posições (Carvalho, 1991, p. 66).

      Uma das afirmações básicas do positivismo está representada pela sua idéia de unidade metodológica para investigação dos dados naturais e sociais. Partia-se da idéia de que tanto os fenômenos da natureza, como os da sociedade estavam regidos por uma lei invariável. O emprego do termo “variável” permitiu medir as relações entre os fenômenos e estabelecer generalizações. Os conceitos operacionalizados formavam as proposições que permitiam formular as teorias.

      Uma das aspirações mais abrigadas pelos positivistas foi a de alcançar resultados na pesquisa social que pudessem generalizar-se. As técnicas de amostragem, os tratamentos estatísticos e os estudos experimentais severamente controlados foram instrumentos usados para concretizar estes propósitos. Mas,
“a flexibilidade da conduta humana, a variedade dos valores culturais e das condições históricas, unidas ao fato de que na pesquisa social o investigador é um ator que contribui com suas peculiaridades (concepção do mundo, teorias, valores etc), não permitirão elaborar um conjunto de conclusões frente a determinada realidade com o nível de objetividade que apresenta um estudo realizado no mundo natural” (Triviños, 1987, p. 38). 

      Partindo da idéia de que conhecimento é aquilo que pode ser testado empiricamente, os positivistas determinavam que não podia existir qualquer tipo de conhecimento elaborado a priori. O positivismo estabeleceu distinção muito clara entre valor e fato. Os fatos eram objeto da ciência. Os valores, como não eram “dados brutos” e apenas expressões culturais, ficavam fora do interesse do pesquisador positivista, pois nunca poderiam construir-se num conhecimento científico. O positivista reconhecia apenas dois tipos de conhecimento autênticos, verdadeiros, legítimos; numa palavra científicos: o empírico, representado pelos achados das ciências naturais, o mais importante de ambos, é o lógico, constituído pelo lógico e pela matemática (Triviños, 1987, p. 38-39).

      Os empiristas lógicos construíram um ideal de ciência que se caracterizou basicamente pela adesão a dois princípios: Princípio do Empirismo – um enunciado ou um conceito só será significante na medida em que possua uma base empírica, ou seja, na medida em que for fundado na experiência; Princípio do Logicismo – para que um enunciado ou sistema de enunciados possa valer como científico deve ser passível de exata formulação na linguagem da lógica (Carvalho, 1991, p. 67).

      O positivismo, sem dúvida, representa, especialmente através de suas formas neopositivistas, como o positivismo lógico e a denominada filosofia analítica, uma corrente do pensamento que alcançou, de maneira singular na lógica formal e na metodologia da ciência, avanços muito meritórios para o desenvolvimento do conhecimento (Triviños, 1987, p. 41). 

Continua na próxima Edição


2 FENOMENOLOGIA: 

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