quinta-feira, 15 de agosto de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - DROPS REVISTA DIARIA - AGO 16 - O RETORNO DAS RUAS / Drops REVISTA DIARIA - agosto , 15 - SEMANA DA JUVENTUDE




 DROPS REVISTA DIARIA - AGO 16 - O RETORNO DAS RUAS


O RETORNO DAS RUAS

Paulo Timm – Torres 16 de agosto - copyleft
Sim, foi uma manifestação muito boa, porque depois de pouco mais de um mês de uma manifestação não convocada pelo Movimento Passe Livre (11 de julho, dia nacional de lutas convocado pelas centrais sindicais),conseguimos alcançar 5000 pessoas na cidade.Vale a pena citar que as pessoas presentes tinham ânsia de fazer um ato mais longo, retomando um pouco a história das mobilizações de junho, que eram muito longas e por vezes trancavam avenidas importantes. Esse enredo, muito marcante no mês de junho, não esteve presente ontem, mas a população estava com muita disposição pra isso.”
                                João Victor Pavesi, SP – Dirigente do MPL, entrevista Correio da Cidadania.
“Em síntese, as autoridades vêm atacando a bolsa e a vida do cidadão fluminense.  Até quando?  Aí é que entra o tema da reforma política. “
Ceci Juruá – Economista – RJ – www.desenvolvimentistas.com.br
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Quando tudo parecia voltar à normalidade, graças ao refresco da presença do Papa Francisco, o clima, no Brasil, volta a se agitar. Nem mesmo o abrandamento da inflação parece segurar o barco. Rio de Janeiro e São Paulo estão em pé de guerra. Os dois governadores, Cabral e Alkmin, respectivamente, chegaram ao fundo do poço em termos de credibilidade. Já passaram a ser odiados pela população, pelas sucessivas tentativas de manipulação da conjuntura, em conluio com suas bases de apoio. Isso é até interessante, pois seria mais normal que os sentimentos negativos da população se dirigissem prioritariamente para os Prefeitos das Capitais. Mas não é o que ocorre. O centro nevrálgico do descontentamento são  mesmo os Governadores. Também é de se registrar o relativo distanciamento da figura da Presidente Dilma dos confrontos. Ela até recuperou uma pequena parte da popularidade comprometida nas manifestações de junho. Todos os analistas percebem entretanto, que não existe Governo Federal. Existe a Presidente e é só. Nunca, na história deste país tivemos um Ministério tão apagado e medíocre. Tente, por exemplo, dizer o nome de três ministros? Conseguiu? Então você é um gênio... Onde está e quem é , por exemplo, o Ministro das Cidades? Cadê a Ministra dos Direitos Humanos, ao longo de toda essa jornada de atentados de autoridades policiais contra manifestantes, transeuntes e jornalistas? Será que o Ministro Gilberto Carvalho já acordou para a nova realidade do país e começou, enfim, a entender o que passa e , consequentemente, informar a Presidente? E a “ Inteligência” do Planalto, onde se encontra ? Pobre e solitária Dilma Roussef...
Os manifestações  e o estado de espírito do Rio e São Paulo têm caráter distinto.
A do Rio é mais visceral, se alarga sobre o conjunto da sociedade, chegando até os morros. Para isso contribuiu, não só a própria história da cidade, extremamente politizada desde os tempos em que se constituía como Capital da República, eis que foram exatamente as exaltações na cidade que levaram Campos Sales à Política dos Governadores, como o “ Caso Amarildo”. Lembre-se, sempre, que num paiol de pólvora, basta acender um fósforo que tudo vai pelos ares. Isso aconteceu na Tunísia, deflagrando a Primavera Árabe, como há algum tempo deflagrou a Revolução Laranja, na Ucrania. O Rio é um barril de pólvora e isto tem muito que ver com a política de “ pacificação” das favelas, sem que ninguém fosse preso. A bandidagem tomou conta da cidade. A violência, os assaltos, os homicídios, alcançaram níveis insuportáveis. Nesse contexto, a questão dos transportes é um plus no clima de já desespero que toma conta da população. E aí ela se depara com a imagem de um Governador que em nada contribui para a distensão de ânimos. Cabral é um acinte, pela sua prepotência, pelas suas suspeitosas relações com o alto empresariado, pelo abuso de autoridade que ostenta.
Em São Paulo as águas podem não ser tão turbulentas na superfície, mas se movem em profundidade com muita força. Parece mais orgânico. O Movimento Passe Livre volta às ruas, depois de se ter ausentado para avaliações e insiste na recuperação do protagonismo explícito em defesa do Passe Livre e da desmilitarização da Polícia. Tem também o apoio , embora um pouco velado, da esquerda tradicional – CUT, PT etc -, interessada em desgastar o Governador tucano com vistas à ocupação de território para as eleições de 2014. Seu dinamismo ganha força especial diante do escândalo da SIEMENS/Metrô, o qual cumpre, aqui, o papel de nervo exposto.
Tudo isso demonstra que o junho de 2013 foi mesmo um divisor de águas entre uma Era que se iniciou com a redemocratização e que, agora, se fecha para reabrir uma outra, de a consolidação da democracia “entre-nós”, como lhe agradava dizer Florestan Fernandes. Ninguém sabe, ainda, como será esse novo tempo.  Sabe-se que não será como antes, até porque não só o Brasil mudou. O mundo mudou. A nota lida pelo novo Ministro Barroso, do Supremo Tribunal Federal , cuja íntegra não encontrei na grande imprensa, é um alerta sobre o qual os políticos deveriam se debruçar com mais preocupação. Mas tudo indica que eles só estão preocupados com a próxima eleição, não com as gerações futuras... Pobre país!  
                                                                    


 Drops REVISTA DIARIA - agosto , 15 - SEMANA DA JUVENTUDE


SEMANA DA JUVENTUDE: Avanços e Omissões
Paulo Timm –  Professor U.Brasilia -Especial A FOLHA  – copyleft fora de Torres – www.paulotimm.com.br

“Entre os adolescentes com idades de 15 a 17 anos, 83,7% frequentavam a rede de ensino em 2011, percentual um pouco maior se comparado a 2001 (81%). Mesmo assim, apenas 51,6% deles estavam na série adequada para a idade. O avanço na taxa de frequência desses jovens ao ensino médio foi mais significativo entre aos que pertencem às famílias com menores rendimentos (de 13,0%, em 2001, para 36,8%, em 2011) e entre os pretos e pardos (de 24,4% para 45,3%).
Já a proporção de jovens estudantes (18 a 24 anos) que cursavam o nível superior cresceu de 27,0% para 51,3%, entre 2001 e 2011, sendo que, entre os estudantes pretos ou pardos nessa faixa etária, a proporção cresceu de 10,2% para 35,8%
O GLOBO - , 29 de Novembro de 2012


A semana celebrou, no mundo inteiro,  a juventude, com a divulgação de estatísticas situacionais deste grupo da população, programas  governamentais e metas. Com efeito, desde  1999, por resolução da Assembleia Geral da ONU , em resposta à recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, reunida em Lisboa, um ano antes, comemora-se no dia 12 de agosto o DIA DA JUVENTUDE. Em  2010 a ONU proclamou o  "Ano Internacional da Juventude", com o tema "Diálogo e Compreensão Mútua".
Afinal, o que se considera “ juventude” e como ela está no Brasil e o que ela pensa?
Tem-se considerado como “juventude” a idade entre 18 até 25 anos, um período em que se consolida a formação biológica de uma pessoa, tanto em seus aspectos corporais como mentais, aí incluída formação do caráter e da escolaridade. Segundo o IBGEexcluindo donas de casas e mulheres com filhos, passaram de 8% da população total nessa faixa etária em 2006, para 10% em 2011.  É, também, este segmento, um verdadeiro bônus de um povo, que aí concentra não só promessas para o futuro da nação, como a garantia de que estarão aptos a garantir, com seu trabalho produtivo, o bônus do envelhecimento, com todos os custos sociais que isto representa. No Brasil, entretanto, apesar do peso expressivo deste bônus no conjunto da população, não temos muito o que comemorar na data. Veja-se, a propósito o comentário de  Ednaldo Santos, na Rádio Cidadão:

As coisas vão mal, porque é no Ensino Médio, de onde deveriam ter recém saído para ingressar na Universidade, que está o nó górdio de nosso sistema educacional, levando os jovens à evasão gritante. Calcula-se que 1,5 milhão de jovens entre 19 e 24 anos, concentrados nas faixas mais pobres da população estão fora da escola. Enquanto alguns países têm entre 90/95% dos seus jovens no curso superior, tal como a Coréia do Sul, no Brasil, este número é de apenas 50%, ficando o restante, em situação extremamente vulnerável à homicídios, drogas e  acidentes de trânsito. Eles são a  geração perdida dos  “nem-nem-nem-nem”.  Nem estudam, nem trabalham, nem procuram emprego, nem dispõem de equipamentos adequados de lazer próximos a suas residências. Acabam, muitos deles, tropeçando no crime e indo engrossar as estatísticas dos encarcerados.  Nos presídios, tal como eles se apresentam no Brasil, como o próprio Ministro da Justiça declarou recentemente, não terão mais volta à sociabilidade. Perdem-se...

Diante dos números pouco animadores sobre a situação dos jovens, o Governo Federal ,  aparentando sequer saber que três dias depois o Conselho Superior do Ministério Público divulgaria o Relatório da macabra realidade dos Menores Infratores(http://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/DROPS/130809025939Drops_agosto_09_MENORES_INFRATORES.pdf), antecipou-se, sem maiores explicações, à data oficial do Dia da Juventude,  e aprovou o Estatuto da Juventude. O fato foi festivo, em Palácio, com a presença de artistas, produtores culturais e poucos  jovens. Ninguém das Igrejas, das ONGs, dos órgãos oficiais que tratam do assunto, do Judiciário ou do Ministério Público. Um fiasco. Como anúncio, a grande vitória da meia-entrada para jovens entre 15 e 29 anos...

O que pensam os próprios jovens sobre o Brasil? Pudemos ter uma ideia de seuas frustrações nas recentes manifestações que abalaram os Governos de todos os níveis – Federal, estaduais e locais -. Muitos se surpreenderam com o ímpeto dos jovens. Mas antes mesmo de junho já as pesquisas vinham evidenciando o mal estar reinante na juventude brasileira, pouco sensível ao marketing político.

Segundo a Pesquisa Nacional Sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013 (15 a anos), divulgado no dia 08 de agosto passado  pela  Secretaria de Juventude da Presidência da República, a juventude apontava a saúde (99%) e a educação (98%) como os principais desafios a serem superados, e acreditava que as mobilizaçoes de rua (45%) seriam a melhor forma de buscar melhorias. Embora 54% considerassem a política muito importante, 88% afirmaram que nunca entrariam em partidos políticos. O entendimento predominante (53%) é de que os governos conhecem as necessidades dos jovens, mas não fazem nada a respeito.
O coração da nação não bate, pois,  no mesmo ritmo do sistema político do país. É tempo, portanto, de voltar ao tema do Ano da Juventude (2010) : "Diálogo e Compreensão Mútua". A Prefeitura da Porto Alegre, aliás, pode até não estar acertando, haja visto as tensões na cidade, mas  está tentando. Com a criação, em 2005, da Secretaria da Juventude e implantação de programas como o POP _ Pré-vestibular e Enem Popular. em parceria com a União Estadual de Estudantes (UEE) e do Centro dos Estudantes Universitários de Engenharia da UFRGS (CEUE), abriu um diálogo com a juventude e lhe proporcionou êxito razoável nos respectivos exames.
Em Torres, porém, nada a registrar...E na sua cidade, que tal?


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