quinta-feira, 4 de julho de 2013

Salário mínimo de junho 2013 está menor do que o de 2012



                               

         O trabalhador ou aposentado compra menos com o salário mínimo de junho último do que comprava com o do mesmo mês do ano passado.  O valor real continua em queda livre.

         Muita gente há de estranhar esta afirmativa, porque a imprensa somente divulga que a cesta básica ficou mais barata em 10 capitais das 18 pesquisadas.

         O que a imprensa não divulga é o seguinte:
         Em junho de 2012, o salário mínimo vigente de R$ 622,00 equivalia a 25,74% do Necessário, calculado na ocasião pelo DIEESE em R$ 2.416,38, mais da quarta parte, portanto.  Este Necessário era 3,88 vezes maior do que os R$ 622,00.
         Em junho deste ano de 2013, o mínimo vigente de R$ 678,00 equivale a apenas 23,70% do Necessário, também calculado pelo DIEESE em R$ 2.860,21, menos da quarta parte.  E o Necessário de agora é 4,22 vezes maior do que os R$ 678,00 vigentes.

         A capital de São Paulo, com uma queda de preços de - 0,46%, do mês de maio para junho, continua a ter a cesta básica mais cara do país (R$ 340,46), e, assim, serve de base para o cálculo do Salário Mínimo Necessário.

         Esses números mostram que o país está sendo mal administrado em todos os sentidos. Tem fontes de riquezas. Tem riquezas produzidas, mas concentradas em poucas mãos e desviadas para o exterior. E há um mar humano agitado na tormenta da pobreza.  O leitor da grande imprensa que não goza dos privilégios da partilha dos bens, lê, pensa que está tudo bem, e que ele é quem está mal.  Os olhos leem, mas o estômago é que sente. Há um descompasso entre as versões da televisão, dos jornais e o organismo das pessoas.  Esse confisco constante de mais de três quartos das necessidades e direitos do trabalhador e sua família é omitido da opinião pública.  O Salário Mínimo Necessário que o DIEESE calcula todo mês não é invenção daquela instituição, e sim determinação constitucional para  “suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”, com base científica.

         Os três poderes são coniventes com essa anomalia: o Executivo faz, o Legislativo lava as mãos, e o Judiciário, teoricamente “guardião da Constituição”, faz de conta que não sabe.  Esse é um dos mais fortes ingredientes que faz o país explodir nesta ebulição social.  Todos estão insatisfeitos e ninguém sabe direito por que.  “Onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão”.

         Os governantes reconhecem a razão da juventude fervente nas ruas, mas vê somente  como seu direito de manifestação. Fica no abstrato. Deixa de ir às causas dessa fervura e procura ganhar tempo com saídas pela tangente, com propostas de alterações simplesmente no âmbito institucional.  É muito pouco fazer projeto de plebiscito para provável vigência em 2016, que pode atingir parte da insatisfação geral, mas não entra no âmago da questão.

         O desconforto maior sobre os intestinos desta nação está no contraste da falta de dinheiro para quem trabalha e o esbanjamento para quem gravita em torno do poder.   Os altos vencimentos e mordomias da classe política afrontam quem trabalha, recebe pouco e paga os impostos mais caros da América Latina. Nisto está o cerne da questão, em torno do qual giram a decadente educação, a deficiente saúde, a falta de representatividade eletiva, o descrédito nas instituições, os desconfortáveis serviços de transporte, as privatizações criminosas de empresas públicas, o enriquecimento meteórico de governantes e seus parentes, a rapinagem e todas as formas de prejuízo à economia popular.

         Por todas as demonstrações de descontentamento e de indignação da juventude nas ruas, o anúncio de propostas sujeitas à tramitação manhosa do poder legislativo, com o vai e vem de negociações malandras entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, não vai nem de longe atender à impaciência reinante.  Jogo de cintura é tática para as composições no âmbito do desgastado Congresso Nacional.  O confronto entre  Nação e  Governo está a exigir medidas urgentes na distribuição de renda, fora das fórmulas humilhantes de assistencialismo semelhante ao Bolsa-Família.  O povo que trabalha, que produz, quer direitos.  Está cansado de carregar andor cheio de santos esculpidos na lama, a lambuzarem a sua cabeça e a sua cara. Já sentiu quão falsa é a idolatria. E perdeu a crença nos templos onde tramitam os rituais inconsequentes dos poderes que não se dão ao respeito.

         O povo demorou, mas veio às ruas sem pressa de sair, porque viu e sentiu esmaecerem todas as causas de veneração aos rituais de legitimação dos poderes.


Fonte para esta matéria:



 DIEESE
São Paulo, 04 de julho 2013.
NOTA À IMPRENSA
Cesta básica mais barata em 10 capitais
Pelo segundo mês consecutivo, houve predomínio de retração nos preços dos produtos alimentícios essenciais nas capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. Das 18 cidades pesquisadas, 10 apresentaram este comportamento. As maiores quedas foram apuradas no Rio de Janeiro (-3,55%), em Vitória (-3,14%), Manaus (-2,07%) e Belo Horizonte (-2,0%). Os aumentos ocorreram em oito capitais, entre as quais se destacam Aracaju (3,05%), Brasília (2,87%) e Recife (1,97%).
Apesar da queda de preços (-0,46%) da cesta paulistana no ultimo mês, São Paulo continuou a ser a capital onde se apurou o maior valor para o conjunto de produtos essenciais (R$ 340,46). Na sequência aparecem Porto Alegre (R$ 329,16), Manaus (R$ 316,29) e Vitória (R$ 315,63). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 248,07), Salvador (R$ 260,20) e Campo Grande (R$ 275,91).
Com base no custo apurado para a cesta de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser capaz de suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em junho deste ano, o menor salário pago deveria ser de R$ 2.860,21, ou seja, 4,22 vezes o mínimo em vigor, de R$ 678,00. Em maio, o mínimo necessário era maior: equivalia a R$ 2.873,56 ou 4,24 vezes o piso vigente. Em junho de 2012, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.416,38, o que representava 3,88 vezes o mínimo de então (R$ 622,00).
Variações acumuladas
No primeiro semestre de 2013, as 18 capitais apresentaram alta nos preços da cesta básica.
As maiores elevações situaram-se em Aracaju (21,57%), João Pessoa (20,02%) e Recife 2(19,17%). Os menores aumentos foram verificados em Florianópolis (6,00%), Belo Horizonte (6,05%) e Vitória (8,50%).
Em 12 meses (entre julho de 2012 e junho último), período em que o DIEESE divulgava a estimativa de preços da cesta básica em 17 capitais, sem os dados de Campo Grande (MS), os aumentos do custo da cesta básica, embora continuem em desaceleração, ainda se mantêm acima de 10% em todas as regiões. As maiores variações ocorreram em: Recife (28,17%), João Pessoa (24,36%) e Fortaleza (24,25%). As menores taxas foram verificadas em Curitiba (12,40%), Vitória(13,66%) e Rio Janeiro (14,66%).
Necessário de Junho de 2013 = 4,22 vezes o normal(vigente)23,70% do Necessário
Período
Salário mínimo nominal
Salário mínimo necessário
Junho
R$ 678,00
R$ 2.860,21
Maio
R$ 678,00
R$ 2.873,56
Abril
R$ 678,00
R$ 2.892,47
Março
R$ 678,00
R$ 2.824,92
Fevereiro
R$ 678,00
R$ 2.743,69
Janeiro
R$ 678,00
R$ 2.674,88
Dezembro
R$ 622,00
R$ 2.561,47
Novembro
R$ 622,00
R$ 2.514,09
Outubro
R$ 622,00
R$ 2.617,33
Setembro
R$ 622,00
R$ 2.616,41
Agosto
R$ 622,00
R$ 2.589,78
Julho
R$ 622,00
R$ 2.519,97
Junho
R$ 622,00
R$ 2.416,38
Necessário de junho de 2012 = 3,88 vezes o normal(vigente)25,74% do Necessário


(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerias@gmail.com)    

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