quarta-feira, 10 de julho de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops julho 11 - A GREVE JULHO 11





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                             DIA 11 – GREVE GERAL

Paulo Timm – Torres julho 10 - copyleft

O mundo gira, a Luzitana roda e o Brasil continua nas ruas. Amanhã, dia 11 de julho, é a vez dos trabalhadores se manifestarem. As Centrais Sindicais, mesmo divididas quanto à pauta da mobilização, que deverá parar grande parte dos serviços nas principais cidades do país, se incorporam à inquietação. A CUT, mais próxima do PT e do Governo, tenta incluir a defesa indireta de Dilma através do apoio ao Plebiscito, o qual está aparentemente descartado pelas lideranças no Congresso. Força Sindical, do Deputado Paulinho da Força – PDT_SP é contra, junto com outras centrais. As mais à esquerda vão mais longe: Criticam Dilma e querem a auditoria da dívida da União, alegando que se esta dívida consome quase 50% do Orçamento, é impossível mudar o país. "O problema não é o ministro. É o governo que privilegia o interesse dos bancos, das empresas, do agronegócio, e não o dos trabalhadores", disse José Maria de Almeida, coordenador da CSP-Conlutas e presidente do PSTU.

Com exceção da CUT , todos repudiam a presença dos Partidos Políticos no movimento, especialmente do PT. Temem a manipulação oficialista do processo que poderá, no final, reeditar o caso egípcio, com a multidão divida ao meio, aqui, como dizem, pelo “ fundamentalismo ideológico petista” .Por enquanto, contudo, há um consenso nas seguintes consignas, basicamente trabalhista, embora em sentido lato:

10% do Orçamento , tanto para Educação como Saúde

Fim do Fator Previdenciário

Reforma Agrária

Redução da Jornada de trabalho

Melhoria nos Transportes Públicos

Não há, ainda, nenhuma previsão da amplitude da manifestação. Analistas calculam, entretanto, que poderá atingir milhões de pessoas ao longo do país, tendo em vista o apoio de inúmeros sindicatos como petroleiros, metalúrgicos, comerciários,  servidores públicos, estivadores e portuários, além de bancários e metroviários que estão neste exato momento discutindo a questão, com tendência ao paro. Isso posto, as forças de segurança estão vigilantes e concentram tropas nas grandes cidades. No Rio Grande do Sul, por exemplo, ônibus comerciais com destino à Porto Alegre, nos últimos dias, ficaram superlotados com brigadianos. O Poder Público, enfim, espera o melhor – manifestação pacífica - , porém prepara-se para o pior.

Do ponto de vista político, a conjuntura ainda não é muito clara. Abundam análises dentro e fora do Brasil na tentativa de interpretar a natureza e destino  do processo. O que é certo é que:

  1. Há um esgotamento do modelo político vigente nos últimos 40 anos – e seus líderes - , cujo principal articulador, se diz, foi o bruxo da  “Redemocratização Lenta, Segura e Gradual” ,General Golberi do Couto e Silva, para quem o mais importante no processo era evitar o retorno triunfante dos vencidos de 64 : Brizola Arraes, Almino, Prestes, todos supostamente inclinados ao “ comunismo”.  Conseguiu. A consagração do PT foi seu principal resultado, embora tenha ultrapassado, na sua dinâmica, o projeto militar. Mas quem – com mais de 50 anos -  não lembra do Brizola chorando ao perder o seu histórico PTB, em 1980? B
  2. A nação vive um momento crítico, correspondente, de um lado às transformações internas obtidas nos últimos 30 anos – redemocratização  ( correspondentes à elevação sensível dos níveis de renda média, massiva incorporação no espaço público e forte acesso às redes de informação – 50% dos eleitores tem nível médio ou superior e 70% das residências acessam a INTERNET ) e de outro ao impacto da crise externa -

  3. Emergência da Crise Econômica interna, sempre parteira de crises políticas, ou como frisa meu velho amigo , jornalista ACQ (uma das vigas que segurou durante os anos difíceis o Jornal MOVIMENTO, ligado ao PCdoB) : E´ a economia estúpido!

  4. Crise de Representatividade Política (agudizada pelo acesso às Redes Sociais, que interligam o mesmo tipo de frustração no mundo inteiro)   expressa pelo descrédito generalizado nas instituições políticas, com reflexo particular na juventude, já distante da luta contra a ditadura e seus protagonistas. Ver IBOPE abaixo, em pesquisa direta com os Manifestantes:  

  5. O Governo e o PT têm dificuldades para avaliar a conjuntura e expressam visões contrastantes diante do processo, alguns , como a própria Presidente Dilma ou o Governador Tarso Genro-RS, propensos à uma reavaliação crítica da linha do Partido, incorporando as demandas  emergentes das ruas; outros, mais ligados ao espírito militante, que revê na atualidade o espectro de 64, evidenciando o que destacam como manobras golpistas de caráter fascista. Nos dois casos apontados , como no conjunto das forças oficiais, há um nítido  distanciamento de outras forças críticas da sociedade brasileira, as quais repudiam o abandono do que se poderia denominar “ Projeto Hegemônico” de Mudança Estrutural do Brasil, em benefício do “ Projeto de Governabilidade”, com suporte na sospechosa Base Aliada.

Tudo isto levar a crer que tenhamos que andar um pouco mais , afim de poder ver, com maior clareza, aonde chegaremos. A hora, entretanto, é delicada e inspira cuidados. O maior risco será uma radicalização ideológica nas ruas que leve a uma divisão mais profunda de posições políticas em confronto. A meu juízo, a história nunca se repete. 2013 não é a reedição de 1964 no Brasil, nem 1973 no Chile. Tampouco é 1933 da Alemanha, que sufocou a nascente democracia da República de Weimar jogando-a aos braços do nazismo. O nosso tempo, como a nossa geografia, como a nossa Filosofia, são exclusivamente nossos. À inteligência cabe dar conta e razão do enigma que se (a)levanta ,  Nec temu, sed spe. Sem temor, mas com esperança. Tarefa difícil, mas não impossível, exigindo apenas que façamos o que recomendava o diligente Francis Bacon, nos idos do século XVII: Afastar os “ Ídolos da Razão” que tanto nos impedem de ver as coisas como elas realmente são. Melhor “sentir” estes tempos, como quem sente o vento e percebe o leve toque de um beija-flor em busca do néctar da vida, do que desenrolar teorias de puro papel.




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