quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sayonara(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO - A CRÔNICA E O ESTILO HUMORÍSTICO DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO




A CRÔNICA E O ESTILO HUMORÍSTICO DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO


Continuação da Edição anterior:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta dissertação, recorremos aos textos de Luís Fernando Veríssimo por acreditar que ele conseguiu, com seu traço característico, que é a ironia e o humor, conferir à crônica, esse gênero por muitos menosprezados, seu valor literário.
Embora seja curta, de fácil e rápida leitura, a crônica exige uma grande habilidade do escritor, Veríssimo, talvez por sua conhecida timidez, considera-se mais jornalista que escritor, mas é tido como um dos grandes nomes da literatura nacional.
Para haver ironia, a interação com o receptor é essencial. Nas crônicas de Veríssimo, ela é sinal de liberdade seja na sintaxe, seja na criação do clima irônico dos seus textos.
Nada escapa de seu olhar. Com humor e ironia, Veríssimo serve-se de aspectos do cotidiano para questionar os valores impostos pela sociedade e o poder dos políticos:

O humor é uma linguagem. Você pode falar de tudo, coisas mais e menos sérias, mas usando uma linguagem mais leve, mais atraente. As pessoas gostam de ler uma coisa bem-humorada. Mas às vezes, há certos riscos, por exemplo, a ironia, que é sempre perigosa, porque muitas vezes a pessoa não entende a ironia. Tem que explicar que aquilo é ironia. Mas, fora isso, o humor é uma linguagem que serve para tudo (VERISSIMO, 2005).

Veríssimo sabe mesclar um fato banal da vida cotidiana com os grandes propósitos existenciais do homem. Também transporta, para seu trabalho, a filosofia, a psicologia, a economia e muitos outros assuntos. Coloca, em seu texto, o traço da realidade e a ficção. Homem de seu tempo não deixa de fazer um trabalho engajado na crítica e na reflexão.
Veríssimo, exercitando de maneira sublime a ironia, cria tipos que representam a maioria da sociedade brasileira. As diversas vozes que compõem suas crônicas mostram que a ironia é um processo discursivo que, servindo para a critica política e social, conta com a cumplicidade de um leitor-modelo.
Teóricos como Mucke (1995) e Hutcheon (1985) serviram para reforçar a idéia de que o uso da ironia constitui um recurso estilístico para trazer a crônica para o universo literário.
Antonio Candido, Portella e Arrigucci foram os críticos literários que utilizamos para fundamentar nossas conclusões.



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