quarta-feira, 22 de maio de 2013

Juventude sofre efeitos de despolitização causada pela Ditadura




         Até setores bem intencionados das novas gerações sofrem inconscientemente os efeitos nefastos da despolitização causada pela Ditadura Militar.

         É procedimento natural nos jovens a rebeldia e o inconformismo com a situação de cada tempo que sempre tem motivos para a busca de transformações diante das injustiças e, principalmente, a corrupção de cada época.  O aniquilamento de lideranças, o controle do sistema de ensino com supressão de matérias como Sociologia nas universidades, a transformação da metodologia em matérias que desenvolviam o raciocínio nos cursos básicos, como a matemática, a implantação de Moral e Cívica dentro do princípio distorcido de Segurança Nacional enquadrado na ideologia de quartel, enquanto o país vivia 21 anos sob censura de imprensa, e subordinado ao imperialismo estadunidense, criaram uma consciência alienada e confusa nas pessoas que cresciam condicionadas a esse complexo político militar de informação deformada e condicionada.

         Depois da Ditadura explícita, os 19 anos de formal democracia, com a qualidade precária do sistema educacional, e a imprensa de massa a servir de braço direito aos interesses dos grupos econômicos dominantes, há uma confusão ideológica reinante na cabeça de quem não viveu os tempos anteriores ao desastre político de 1964.

         A situação angustiante de falta de perspectiva para os jovens; o custo de vida muito alto para o nível de salários e das rendas dos pequenos e médios empresários; o ensino básico de má qualidade nas escolas públicas, e caro nas particulares, para quem sonha com aprovação nos vestibulares e alcançar um curso superior – desperta a insatisfação geral e o desejo de mudanças.  Mas que mudanças? 

         O imediatismo leva à ilusão de que basta a mudança de governo, dos quadros do governo, sempre o último é que serve de alvo do desgaste.
A mudança em vista corresponde à troca de seis por meia dúzia. A falta de politização programada pela estratégia ditatorial institucional, e perpetuada pelas forças dominantes do Grande Capital impede a visibilidade básica de que a causa de todas as distorções se encontram, sobretudo, no modelo econômico adotado nesses quase 40 anos de arrocho sobre as classes trabalhadoras e sobre os grupos pensantes do país. 

         Os mega empresários e os estrategistas militares brasileiros e estrangeiros tiraram do centro da cena os conhecidos defensores do neoliberalismo econômico, e colocaram em seu lugar falsos esquerdistas e alguns ex-esquerdistas suscetíveis ao brilho das pepitas de outro e às pompas do poder.  Na prática, criaram Lula e o PT e cooptaram Fernando Henrique Cardoso, José Serra e alguns de seus clones. Para promovê-los tiveram sempre a mídia venal a seu serviço. Todos tinham imagem fácil de ser vendida ao povo com o empurrão de marqueteiros do camarim político. Muitos de aparentes campos opostos têm história em comum, na luta armada, ou na passagem pelo exílio, e também nas campanhas ao lado dos trabalhistas históricos: FHC – exilado com aposentadoria compulsória aos 38 anos de idade(filho de general);  José Serra – Presidente da UNE, ao lado de Jango no Comício de 13 de Março na Central do Brasil; José Dirceu no exílio; José Genuíno e Dilma Roussef, na luta armada; Aécio Neves não é desse tempo,  seu avô Tancredo Neves, foi Ministro da Justiça de Getúlio, negociador com os militares para a posse de Jango, e seu Primeiro Ministro no Parlamentarismo de calça curta derrubado por plebiscito em 06 de janeiro de 1963.  Esse arco é muito maior.  Aí estão os mais notórios no ato do momento desse teatro, neles incluídos Lula e o PT que foram crias diretas do próprio regime militar, das classes empresariais brasileiras e estrangeiras a quem o regime servia.

         As gerações que vieram depois daquele marco divisório de 1964, que passaram pelas escolas e faculdades que não contam os bastidores da história, às vezes trocam alhos por bugalhos.  É compreensível porque elas não entendam a razão de as escolas terem piorado tanto de qualidade, e de todo o tumulto social expresso na violência urbana de agora.  Vários segmentos dessas gerações querem mudanças e defendem o mesmo neoliberalismo econômico, causador de todos os grandes problemas sociais.  Os tecnocratas são os mesmos na execução desse modelo, sob a cartilha do FMI, as bênçãos do Ti Sam, o aval do Banco Mundial e o beneplácito do Consenso de Washington.  Os signatários desse Consenso recebem diploma de fato para se habilitarem a governar os países latino-americanos que aceitaram derrubar governos democráticos e implantar as ditaduras militares nas décadas de 60 e 70. As únicas exceções foram Venezuela – que preferiu manter a democracia, e Cuba que já se encontrava há dez anos sob bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos no clima da Guerra Fria. Esse é um dos motivos de a Venezuela vir sendo discriminada e combatida por esse tempo todo e terem feito de Hugo Chávez o bode expiatório para a guerra midiática. 

Hugo Chávez conquistou todos os mandatos por eleições populares com voto direto e secreto.  As reformas na Constituição de seu país se realizaram através de plebiscito.  Mesmo assim, a imprensa de massa chama de Ditadura o governo para o qual foi eleito várias vezes, e que fez do seu vice Maduro o sucessor, depois de uma morte com cheiro de assassinato, como parece terem sido as de Jango e Juscelino.

As novas gerações precisam também estudar a participação popular no governo de Cuba que, apesar de ser um país pobre, não tem fome, nem menino de rua;  com um dos menores índices de mortalidade infantil, sem analfabetismo, e a maioria da população formada em cursos superiores.
Tem indicadores sociais superiores aos países considerados do Primeiro Mundo, como em expectativa de vida supera a Dinamarca, Taiwan, os Estados Unidos e, de longe, o Brasil.  Na lista o primeiro é o Japão. A relação está publicada na Wikipédia – Enciclopédia Livre.  E foi elaborada pela ONU.
Quem desejar ver a lista completa, pesquise no Google “lista de países por esperança média de vida”.  Provavelmente as escolas convencionais e as faculdades escondem esses detalhes.  Mostramos abaixo os países que citamos.
Lista da ONU (2005-2010) 
Expectativa de vida ao nascer em anos
#
Estado/Território
Expectativa
Masculina
Feminina
1
82.73
79.29
86.96
37
Flag of Cuba Cuba
78.50
76.55
80.52
38
78.25
75.99
80.50
39
78.19
75.25
81.51
40
77.97
75.35
80.51
102=
72.24
68.66
75.93


         A indignação da juventude e seu desejo de mudanças se justificam e são necessários.  Somente serão viáveis e factíveis, entretanto, fora de preconceitos ideológicos.  Há detalhes para serem analisados e compreendidos na busca dos caminhos de transformações, para se evitar patinar, na ilusão de que se está caminhando. Exemplo: Lula, Dilma e PT têm tomado posições aparentemente acertadas no plano externo, como quem busque constar no mapa mundial integrantes das esquerdas.  Na política interna, entretanto, são extremamente conservadores, neoliberais, opressores dos trabalhadores da mesma maneira que Fernando Henrique, José Serra e sua ala: privatizam os bens do estado, submetem-se aos grupos econômicos, privilegiam o mundo financeiro especulativo, desprezam a educação para o povo, mantêm os mesmos moldes da política econômica, corrompem parlamentares e eleitores.  Até no Mensalão os grupos de FHC  e Lula são iguais.  Os de FHC começaram em Minas com Eduardo Azeredo em 1998; os de LULA/PT explodiram há mais de 20 anos e vieram à tona com o assassinato sob tortura do Prefeito de Santo André(SP), Celso Daniel.  O Mensalão PT foi condenado pelo STF.  O de FHC/Tucanos está em processo investigatório.

         Concluindo: para mudança efetiva é necessária isenção de ânimo;  limpar as lentes e tirar as pedras do caminho.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)  










  

        

              

Nenhum comentário:

Postar um comentário