quinta-feira, 23 de maio de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drpos maio 23 - SINAL DE ALERTA NA ECONOMIA




 Drops maio 23:

Sinal de Alerta

Nesta semana o Banco Central anunciou os resultados das Contas Externas do Brasil:
O déficit nas contas correntes do balanço de pagamentos atingiu US$ 8,3 bilhões, em abril, US$ 33,1 bilhões no primeiro quadrimestre, e US$ 70 bilhões, nos últimos 12 meses, segundo nota sobre o setor externo do Banco Central distribuída ontem. É inequívoca a deterioração - "acendeu a luz vermelha", sintetizou. Felipe Salto, da consultoria Tendências - da área externa, que é preciso não apenas ser enfrentada, mas admitida pelo governo, o que poderia facilitar as ações corretivas,
Economia é sempre um assunto indigesto para os leitores comuns, mesmo para os poucos que lêem.Reclamam do “economês”, odeiam cifras – inevitáveis nas análises econômicas - , pulam a página e se concentram nas últimas notícias sobre a “Libertadores”, sobre  o assalto na cidade ao lado, a última Operação da Polícia Federal sobre os eternos e impunes vigaristas públicos e privados. Nesse contexto, os jornalistas especializados em economia da grande mídia deitam e rolam. Dizem o que bem entendem sobre o que nunca estudaram com seriedade acadêmica. E ganham notoriedade. Além de fortunas, por palestras em Associações Comerciais e outras quejandas patronais. Por quê...? Porque, inelutavelmente sempre dizem o que os empresários querem escutar: O Governo gasta demais, os trabalhadores são preguiçosos, “Brasil é o País dos Impostos” e por aí vai...Já os políticos, também não se aventuram muito sobre o que consideram um campo minado por especialistas. Atualmente, com a grande maioria deles aglutinada em torno do Governo, sob a alegação de Base Aliada, repercutem, em coro, o discurso oficial : “Nunca antes neste país um Governo retirou 30 milhões de pessoas da miséria em tão pouco tempo”.Procuro, em vão, um político de Oposição com discurso econômico alternativo. Sumiram... Bons tempos aqueles que parlamentares como Saturnino Braga e Henrique Santillo desafiavam o Líder do Governo Geisel (1974-79) no Senado, Flávio Marcilio, com certeiras e coerentes críticas. Rigorosamente, o único discurso consistente de oposição no Brasil é o do Economista Edmar Bacha. Como diria o ... : Oposição de um homem só...
Na verdade, ninguém está se dando conta da gravidade da crise econômica que vai se avizinhando cada vez mais da economia brasileira.
Fala-se muito no Pibinho, como se a falta de crescimento fosse o maior problema que estamos vivenciando. E passamos batido o fato de que há mudanças estruturais levadas a cabo no comércio mundial, exigindo reposicionamentos bilaterais, reorganização industrial urgente de países que pretendam ter algum papel ativo na economia mundial e, sobretudo, atenção redobrada à economia , especialmente à capacidade dos países em driblar simultaneamente, a crise do endividamento público e a crise do setor externo. Vale registrar, no entanto, o acerto do Editorial do ESP de 12 de maio passado:

A crise que o governo não vê

Ao minimizar os maus resultados da balança comercial - que, de janeiro a abril, acumulou um déficit de US$ 6,15 bilhões, o maior da história para o período -, como fez na segunda-feira em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff tenta encobrir um problema que preocupa cada vez mais o empresariado e está cada vez mais longe de ser passageiro. "Qualquer oscilação na balança comercial é apenas uma oscilação", disse tautologicamente a presidente, na posse da nova diretoria da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, para demonstrar despreocupação com o desempenho do comércio exterior. É uma atitude que pode ter consequências - e não serão positivas para o Brasil.
Aqui, portanto, a importância de se verificar de perto o que  está ocorrendo com nosso Balanço de Pagamentos, vendo-o de perto à luz do comércio de mercadorias, do balanço de capitais e dos saldos de serviços, estes, realmente alarmantes.
Há dez anos vínhamos contando com a dupla vantagem de vender – e vender a bons preços – bens primários para economias em desenvolvimento rápido carentes destes bens, notadamente China, que se tornou nossa principal compradora, e Índia. O economista Maurício Dias David (RJ) demonstra o salto nos preços das commodities que nos sustentou na chamada “Década da Inserção”:
“Em 2001, o café estava sendo vendido a US$ 964 a tonelada; no ano passado, foi a US$ 4.463. Para 2012, a previsão é de que o preço seja de US$ 4.600.

soja, que no ano passado chegou a US$ 495, era vendida a US$ 173 em 2001. Em dez anos houve um aumento de 186%.

O Açúcar saiu de US$ 197 a tonelada para US$ 573, e este ano o preço previsto é de US$ 530.

Carne bovina saiu de US$ 2.006 para US$ 5.077 em dez anos, e este ano a previsão é ficar em US$ 5.000.

Minério de ferro deu um salto de US$ 18 para os US$ 126 do ano passado.

O Brasil foi muito beneficiado pelo boom de commodities. Isso produziu um salto impressionante nas receitas com esses produtos:

- de café, o Brasil tinha receita de exportação de US$ 1,2 bilhão e foi para US$ 8 bi.

- a soja saiu de US$ 2,7 bilhões para 16,3 bi entre 2001 e 2011. Para 2012, a previsão da AEB é que não chega a US$14 bilhões.

de açúcar e açúcar refinado, o Brasil vendeu US$ 2,2 bilhões em 2001, e US$ 5,8 bi no ano passado.

- no minério de ferro, deu um salto fenomenal, de US$ 2,9 bilhões, em 2001, paraUS$ 41,8 bi no ano passado, 14 vezes mais.

Em 2012, a previsão é de US$ 332,6 bilhões de exportações totais. Nesse período, houve aumento da quantidade exportada também, porque a demanda cresceu, mas o preço subiu mais rapidamente.
Com a emergência da Crise em 2008 e a verdadeira derrocada da economia européia há quase três anos, a economia mundial entrou em recessão e se refletiu no crescimento da própria China. Eis a conseqüência deste processo na reversão de preços dascommodities:
Quase 60% dos produtos exportados pelo Brasil tiveram queda de preços, resultando um mau resultado da balança comercial brasileira nestes primeiros meses de 2013, junto com o aumento das importações.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, de janeiro a março, 20 dos 31 grupos de produtos acompanhados apresentaram queda no preço de exportação. Em 2012, o Brasil exportou 2,5% menos em relação a 2012, enquanto as importações aumentaram 3% até março e 10% em abril, descontando os combustíveis.
Nas commodities, os preços vem caindo desde o início do ano. Nas três primeiras semanas de abril, entre os 16 principais produtos básicos exportados pelo país, 11 foram vendidos com preços inferiores aos do mesmo período 2012.

Além da reversão nos preços dos nossos principais produtos de exportação – commodities- estamos vivendo, também, uma ligeira contração na entrada de Investimentos Externos que, eventualmente,  vinham fortalecendo  nossa capacidade para importar, entregando-nos grande folga em divisas. Já há algum tempo o Brasil deixou de ser a “Boneca Cobiçada”dos mercados financeiros, embora não haja ainda , aqui, sinais de preocupação maior. Contudo, o último leilão de petróleo, realizado pela ANP,  às pressas, depois de cinco anos suspensos e sob forte crítica interna, deve ter sido realizado, precisamente para reforçar a entrada de capitais externos a título de Investimento.

Atualizado às 12h15 BRASÍLIA – .
Em 12 meses terminados em abril, o fluxo líquido de IED chega a US$ 64,057 bilhões, o equivalente a 2,79% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC.
Em abril, especificamente, a parcela de IED relativa à aquisição de participações diretas no capital de empresas alcançou US$ 4,302 bilhões, ante US$ 4,709 bilhões do mesmo mês do ano passado.
Os ingressos líquidos de empréstimos feitos por empresas estrangeiras a filiais no país somaram, por sua vez, US$ 1,418 bilhão no mês passado. Houve avanço sobre o ingresso registrado no mesmo mês de 2012, quando os créditos intercompanhias tiveram fluxo de apenas US$ 534 milhões.

(Investimento estrangeiro direto soma US$ 5,72 bilhões em abril - Por Murilo Rodrigues Alves e Mônica Izaguirre | Valor)

O cotejo dos números entre o déficit comercial nos últimos dozes meses com a entrada de capitais externos, na faixa de US 70 bilhões dá uma idéia de como se compensam essas contas. Se nossas relações com exterior, entretanto, se resumissem à  elas , apenas , estaríamos virtualmente equilibrados. Ocorre que além de  intercambiar mercadorias e capitais, trocamos também serviços, que são contabilizados à parte. Aqui relevam as despesas de brasileiros no exterior e as transferências que fazemos a título de juros, roalties, assistência técnica e remessa de lucros das multinacionais às suas matrizes. E nestas contas vamos mal. Muito mal! Cada vez pior. O balanço entre entrada e saída de turistas é extremamente desfavorável ao Brasil, que se jacta de ter, viajando pelo exterior, a preço de dólar baixo,  os melhores consumidores do mundo. Nos últimos dozes meses já queimamos outros US$ 70 bilhões em passeios pela Europa, Asia e Estados Unidos. Prova-o o fato de que todo incidente noticiado com turistas em alguma parte do mundo, como o do balão que caiu recentemente na Capadócia, Turquia, lá há brasileiros.
 E há ainda  o balanço de pagamentos por serviços e remessa de lucros tem , também, piorado muito.
O alerta das viagens internacionais vêm do Banco Central que destaca que, o gasto líquido com este item chegou a US$ 1,5 bilhão em abril , 22,5%  maior do que a marca de  abril de 2012. Ou seja, o que os estrangeiros gastaram no Brasil não compensou nem um quarto do que os brasileiros deixaram lá fora.  Trata-se do pior resultado  desde 1980 e que acumulado nos últimos 12 meses alcança  US$ 70 bilhões, ficando em 3,04% do Produto Interno Bruto (PIB).

Resumindo:
Já temos um déficit de comércio , compensado pela entrada de capitais, na ordem de $US 70 bilhões anuais e outro déficit galopante na conta de turismo externo, no mesmo valor. Faltam , ainda algumas rubricas para que se possa fazer uma idéia da gravidade – ou não – do retorno do que no passado chamávamos “gargalo externo”e que nos levou à várias crises cambiais.

Destacarei, aqui, mais uma apenas: as remessas para o exterior, que atingiram $US 404 bilhões, em oito anos, numa média superior a $US 40 bi anuais.

 Como resultado do dinamismo da economia , nos últimos anos, que têm em empresas multinacionais o núcleo de maior produtividade na economia, essas remessas se vêem acelerando, e vindo, com isso, a agravar tensões no setor externo. Acentua o fato de que há, paralelamente, um processo de desnacionalização de empresas, com o conseqüente reforço do envio de lucros e outros pagamentos às matrizes. Em 2012, 296 empresas nacionais passaram para controle estrangeiro. Em 2011, já haviam sido desnacionalizadas 206 empresas.


Ao todo, desde 2004, foram 1.296 empresas nacionais que passaram para controle estrangeiro, com as conhecidas e inevitáveis consequências da desnacionalização:
1) Aumento brutal das remessas de lucros para fora do país: as remessas totais, cuja maior parte é constituída pelos ganhos, no Brasil, das filiais de multinacionais que são enviados às suas matrizes, passaram de US$ 25,198 bilhões (2004) para US$ 85,271 bilhões (2011), um aumento de 238,40% (o total de 2012 ainda não foi divulgado pelo Banco Central).

Então, se já vínhamos com problemas na esfera comercial, acentuada pelo hiato na conta de turismo, vê-se,  também, que este processo de fazer o Brasil um imenso “Fazendão”do mundo, voltado às exportações de commodities, paralelo à desnacionalização  protegida com desonerações fiscais e incentivos de toda ordem pelo Poder Público, de seu setor de maior produtividade na indústria, voltado apenas para o mercado interno, não oferece nenhuma garantia de auto-sustentação do crescimento a longo prazo. O prenuncio é a antevéspera do feito. E como o prenúncio é desanimador, o feito, no futuro, poderá ser  devastador. 
Sinal de Alerta

Nesta semana o Banco Central anunciou os resultados das Contas Externas do Brasil:
O déficit nas contas correntes do balanço de pagamentos atingiu US$ 8,3 bilhões, em abril, US$ 33,1 bilhões no primeiro quadrimestre, e US$ 70 bilhões, nos últimos 12 meses, segundo nota sobre o setor externo do Banco Central distribuída ontem. É inequívoca a deterioração - "acendeu a luz vermelha", sintetizou. Felipe Salto, da consultoria Tendências - da área externa, que é preciso não apenas ser enfrentada, mas admitida pelo governo, o que poderia facilitar as ações corretivas,
Economia é sempre um assunto indigesto para os leitores comuns, mesmo para os poucos que lêem.Reclamam do “economês”, odeiam cifras – inevitáveis nas análises econômicas - , pulam a página e se concentram nas últimas notícias sobre a “Libertadores”, sobre  o assalto na cidade ao lado, a última Operação da Polícia Federal sobre os eternos e impunes vigaristas públicos e privados. Nesse contexto, os jornalistas especializados em economia da grande mídia deitam e rolam. Dizem o que bem entendem sobre o que nunca estudaram com seriedade acadêmica. E ganham notoriedade. Além de fortunas, por palestras em Associações Comerciais e outras quejandas patronais. Por quê...? Porque, inelutavelmente sempre dizem o que os empresários querem escutar: O Governo gasta demais, os trabalhadores são preguiçosos, “Brasil é o País dos Impostos” e por aí vai...Já os políticos, também não se aventuram muito sobre o que consideram um campo minado por especialistas. Atualmente, com a grande maioria deles aglutinada em torno do Governo, sob a alegação de Base Aliada, repercutem, em coro, o discurso oficial : “Nunca antes neste país um Governo retirou 30 milhões de pessoas da miséria em tão pouco tempo”.Procuro, em vão, um político de Oposição com discurso econômico alternativo. Sumiram... Bons tempos aqueles que parlamentares como Saturnino Braga e Henrique Santillo desafiavam o Líder do Governo Geisel (1974-79) no Senado, Flávio Marcilio, com certeiras e coerentes críticas. Rigorosamente, o único discurso consistente de oposição no Brasil é o do Economista Edmar Bacha. Como diria o ... : Oposição de um homem só...
Na verdade, ninguém está se dando conta da gravidade da crise econômica que vai se avizinhando cada vez mais da economia brasileira.
Fala-se muito no Pibinho, como se a falta de crescimento fosse o maior problema que estamos vivenciando. E passamos batido o fato de que há mudanças estruturais levadas a cabo no comércio mundial, exigindo reposicionamentos bilaterais, reorganização industrial urgente de países que pretendam ter algum papel ativo na economia mundial e, sobretudo, atenção redobrada à economia , especialmente à capacidade dos países em driblar simultaneamente, a crise do endividamento público e a crise do setor externo. Vale registrar, no entanto, o acerto do Editorial do ESP de 12 de maio passado:

A crise que o governo não vê

Ao minimizar os maus resultados da balança comercial - que, de janeiro a abril, acumulou um déficit de US$ 6,15 bilhões, o maior da história para o período -, como fez na segunda-feira em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff tenta encobrir um problema que preocupa cada vez mais o empresariado e está cada vez mais longe de ser passageiro. "Qualquer oscilação na balança comercial é apenas uma oscilação", disse tautologicamente a presidente, na posse da nova diretoria da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, para demonstrar despreocupação com o desempenho do comércio exterior. É uma atitude que pode ter consequências - e não serão positivas para o Brasil.
Aqui, portanto, a importância de se verificar de perto o que  está ocorrendo com nosso Balanço de Pagamentos, vendo-o de perto à luz do comércio de mercadorias, do balanço de capitais e dos saldos de serviços, estes, realmente alarmantes.
Há dez anos vínhamos contando com a dupla vantagem de vender – e vender a bons preços – bens primários para economias em desenvolvimento rápido carentes destes bens, notadamente China, que se tornou nossa principal compradora, e Índia. O economista Maurício Dias David (RJ) demonstra o salto nos preços das commodities que nos sustentou na chamada “Década da Inserção”:
“Em 2001, o café estava sendo vendido a US$ 964 a tonelada; no ano passado, foi a US$ 4.463. Para 2012, a previsão é de que o preço seja de US$ 4.600.

soja, que no ano passado chegou a US$ 495, era vendida a US$ 173 em 2001. Em dez anos houve um aumento de 186%.

O Açúcar saiu de US$ 197 a tonelada para US$ 573, e este ano o preço previsto é de US$ 530.

Carne bovina saiu de US$ 2.006 para US$ 5.077 em dez anos, e este ano a previsão é ficar em US$ 5.000.

Minério de ferro deu um salto de US$ 18 para os US$ 126 do ano passado.

O Brasil foi muito beneficiado pelo boom de commodities. Isso produziu um salto impressionante nas receitas com esses produtos:

- de café, o Brasil tinha receita de exportação de US$ 1,2 bilhão e foi para US$ 8 bi.

- a soja saiu de US$ 2,7 bilhões para 16,3 bi entre 2001 e 2011. Para 2012, a previsão da AEB é que não chega a US$14 bilhões.

de açúcar e açúcar refinado, o Brasil vendeu US$ 2,2 bilhões em 2001, e US$ 5,8 bi no ano passado.

- no minério de ferro, deu um salto fenomenal, de US$ 2,9 bilhões, em 2001, paraUS$ 41,8 bi no ano passado, 14 vezes mais.

Em 2012, a previsão é de US$ 332,6 bilhões de exportações totais. Nesse período, houve aumento da quantidade exportada também, porque a demanda cresceu, mas o preço subiu mais rapidamente.
Com a emergência da Crise em 2008 e a verdadeira derrocada da economia européia há quase três anos, a economia mundial entrou em recessão e se refletiu no crescimento da própria China. Eis a conseqüência deste processo na reversão de preços dascommodities:
Quase 60% dos produtos exportados pelo Brasil tiveram queda de preços, resultando um mau resultado da balança comercial brasileira nestes primeiros meses de 2013, junto com o aumento das importações.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, de janeiro a março, 20 dos 31 grupos de produtos acompanhados apresentaram queda no preço de exportação. Em 2012, o Brasil exportou 2,5% menos em relação a 2012, enquanto as importações aumentaram 3% até março e 10% em abril, descontando os combustíveis.
Nas commodities, os preços vem caindo desde o início do ano. Nas três primeiras semanas de abril, entre os 16 principais produtos básicos exportados pelo país, 11 foram vendidos com preços inferiores aos do mesmo período 2012.

Além da reversão nos preços dos nossos principais produtos de exportação – commodities- estamos vivendo, também, uma ligeira contração na entrada de Investimentos Externos que, eventualmente,  vinham fortalecendo  nossa capacidade para importar, entregando-nos grande folga em divisas. Já há algum tempo o Brasil deixou de ser a “Boneca Cobiçada”dos mercados financeiros, embora não haja ainda , aqui, sinais de preocupação maior. Contudo, o último leilão de petróleo, realizado pela ANP,  às pressas, depois de cinco anos suspensos e sob forte crítica interna, deve ter sido realizado, precisamente para reforçar a entrada de capitais externos a título de Investimento.

Atualizado às 12h15 BRASÍLIA – .
Em 12 meses terminados em abril, o fluxo líquido de IED chega a US$ 64,057 bilhões, o equivalente a 2,79% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC.
Em abril, especificamente, a parcela de IED relativa à aquisição de participações diretas no capital de empresas alcançou US$ 4,302 bilhões, ante US$ 4,709 bilhões do mesmo mês do ano passado.
Os ingressos líquidos de empréstimos feitos por empresas estrangeiras a filiais no país somaram, por sua vez, US$ 1,418 bilhão no mês passado. Houve avanço sobre o ingresso registrado no mesmo mês de 2012, quando os créditos intercompanhias tiveram fluxo de apenas US$ 534 milhões.

(Investimento estrangeiro direto soma US$ 5,72 bilhões em abril - Por Murilo Rodrigues Alves e Mônica Izaguirre | Valor)

O cotejo dos números entre o déficit comercial nos últimos dozes meses com a entrada de capitais externos, na faixa de US 70 bilhões dá uma idéia de como se compensam essas contas. Se nossas relações com exterior, entretanto, se resumissem à  elas , apenas , estaríamos virtualmente equilibrados. Ocorre que além de  intercambiar mercadorias e capitais, trocamos também serviços, que são contabilizados à parte. Aqui relevam as despesas de brasileiros no exterior e as transferências que fazemos a título de juros, roalties, assistência técnica e remessa de lucros das multinacionais às suas matrizes. E nestas contas vamos mal. Muito mal! Cada vez pior. O balanço entre entrada e saída de turistas é extremamente desfavorável ao Brasil, que se jacta de ter, viajando pelo exterior, a preço de dólar baixo,  os melhores consumidores do mundo. Nos últimos dozes meses já queimamos outros US$ 70 bilhões em passeios pela Europa, Asia e Estados Unidos. Prova-o o fato de que todo incidente noticiado com turistas em alguma parte do mundo, como o do balão que caiu recentemente na Capadócia, Turquia, lá há brasileiros.
 E há ainda  o balanço de pagamentos por serviços e remessa de lucros tem , também, piorado muito.
O alerta das viagens internacionais vêm do Banco Central que destaca que, o gasto líquido com este item chegou a US$ 1,5 bilhão em abril , 22,5%  maior do que a marca de  abril de 2012. Ou seja, o que os estrangeiros gastaram no Brasil não compensou nem um quarto do que os brasileiros deixaram lá fora.  Trata-se do pior resultado  desde 1980 e que acumulado nos últimos 12 meses alcança  US$ 70 bilhões, ficando em 3,04% do Produto Interno Bruto (PIB).

Resumindo:
Já temos um déficit de comércio , compensado pela entrada de capitais, na ordem de $US 70 bilhões anuais e outro déficit galopante na conta de turismo externo, no mesmo valor. Faltam , ainda algumas rubricas para que se possa fazer uma idéia da gravidade – ou não – do retorno do que no passado chamávamos “gargalo externo”e que nos levou à várias crises cambiais.

Destacarei, aqui, mais uma apenas: as remessas para o exterior, que atingiram $US 404 bilhões, em oito anos, numa média superior a $US 40 bi anuais.

 Como resultado do dinamismo da economia , nos últimos anos, que têm em empresas multinacionais o núcleo de maior produtividade na economia, essas remessas se vêem acelerando, e vindo, com isso, a agravar tensões no setor externo. Acentua o fato de que há, paralelamente, um processo de desnacionalização de empresas, com o conseqüente reforço do envio de lucros e outros pagamentos às matrizes. Em 2012, 296 empresas nacionais passaram para controle estrangeiro. Em 2011, já haviam sido desnacionalizadas 206 empresas.


Ao todo, desde 2004, foram 1.296 empresas nacionais que passaram para controle estrangeiro, com as conhecidas e inevitáveis consequências da desnacionalização:
1) Aumento brutal das remessas de lucros para fora do país: as remessas totais, cuja maior parte é constituída pelos ganhos, no Brasil, das filiais de multinacionais que são enviados às suas matrizes, passaram de US$ 25,198 bilhões (2004) para US$ 85,271 bilhões (2011), um aumento de 238,40% (o total de 2012 ainda não foi divulgado pelo Banco Central).

Então, se já vínhamos com problemas na esfera comercial, acentuada pelo hiato na conta de turismo, vê-se,  também, que este processo de fazer o Brasil um imenso “Fazendão”do mundo, voltado às exportações de commodities, paralelo à desnacionalização  protegida com desonerações fiscais e incentivos de toda ordem pelo Poder Público, de seu setor de maior produtividade na indústria, voltado apenas para o mercado interno, não oferece nenhuma garantia de auto-sustentação do crescimento a longo prazo. O prenuncio é a antevéspera do feito. E como o prenúncio é desanimador, o feito, no futuro, poderá ser  devastador. 


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