terça-feira, 28 de maio de 2013

A importância histórica da Casa Telles


      Hoje recebemos de Rui Alberto Rocha, de Viana do Castelo, Portugal,  a seguinte indagação:

         - Sabem em que ano foi demolida a Casa Telles? 

        Respondemos que durante muito tempo ela permaneceu tombada pelo Patrimônio Municipal sob processo judicial movido pelo proprietário. Período em que suas instalações ruíam pelas intempéries do tempo e em que sua fachada se encontrava escorada até a decisão judicial. E que esta havia terminado em 2ª Instância favorável ao dono do imóvel. Informamos que, salvo engano, a fachada acabou de ser demolida no ano de 2012. E que iríamos procurar maiores informações com a Professora Theresinha de Almeida Pinto, Diretora do Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

        Adiante, Rui Alberto justificou:

        - De facto estou a fazer um pequeno trabalho sobre Adriano Teles e num livro do ano 2002 diz que a Casa Teles ainda existia naquela altura. Mas de facto, no seu blog a informação já estava mais actualizada. Fico então a aguardar a resposta da directora do museu.

        Artur Galvão Teles Tomé, bisneto de Adriano Telles, ao tomar conhecimento da demanda judicial, que envolvia  o Museu Municipal de Visconde do Rio Branco em favor da manutenção da fachada da Casa Telles, escreveu de Lisboa(Portugal), dizendo:

-         Considero lamentável se não for possível salvaguardar a fachada da Casa Telles. É um marco de uma época e em termos de arquitectura é por demais óbvio que tem interesse.

E comentou sobre o patrimônio arquitetônico
Brasileiro:

-         Por alguma razão, quando se vê livros sobre o património brasileiro, as fotografias que aparecem até ao sec XIX referem-se apenas a arquitectura religiosa e militar, salvo as excepções de das casas barrocas de MG e algumas fazendas. Afinal, foi no século XIX que a arquitectura civil ganharia importância no Brasil, lançando as sementes para a sua consagração em Brasília.


E acrescentou em sua correspondência:

- Foi com emoção que recebi os elementos que enviou por mail o que desde logo agradeço. Em reconhecimento, junto algumas fotografias dos cafés A Brasileira. O mais conhecido é o do Chiado em Lisboa (fundado em 1905) mas o primeiro foi o do Porto, que abriu em 1903.

Em Lisboa, dizemos "A Brasileira do Chiado" para distinguir de uma outra, no Rossio, que meu bisavô inaugurou em 1911 que fechou na década de 60 e já não existe. Sublinho a data, desta Brasileira do Rossio, de 1911, porque a República havia sido implantada em 1910 e havia crise financeira em Portugal. E depois, Adriano Telles abriu ainda uma outra em Sevilha (Espanha), da qual nunca vi nenhuma fotografia. Além disso, perto da Praça do Saldanha, em Lisboa, tinha outro café, também de Adriano Telles, que se chamava "A Paulistana", facto que muita gente desconhece. Eu ainda me lembro de A Paulistana. Terá sido encerrado na década de 80 e depois demolido nos finais da década de 90. No lugar onde ficava, há agora um prédio com apartamentos de luxo e um centro comercial. Igual a tantos outros...

Da Brasileira do Rossio não tenho aqui, no computador, nenhuma fotografia e não vou ter tempo de scanar.

Assim, envio fotografias da Brasileira do Chiado, em Lisboa (uma do início, outra depois da remodelação de 1925 e cuja fachada se mantem ainda hoje) e também algumas fotos da Brasileira do Porto, com detalhes da entrada que julgo serem interessantes, e que não podem deixar de ser uma homenagem que meu bisavô quis prestar ao Brasil. Repare bem.

Com um abraço
Artur GT”

As considerações sobre a Casa Telles de nossa matéria nada têm a ver com as atitudes do seu último proprietário que usou os seus direitos dentro do princípio da livre iniciativa.  Interessa-nos o aspecto histórico, relacionado com o seu fundador Adriano Telles, que está sendo estudado no seu dinamismo com a fundação daquela Casa, a identidade que passou a integrar a imagem do município e seus desdobramentos. No plano local, Adriano Telles fundou o Banco Mineiro, cujo prédio ainda se encontra em pequena área do lote da antiga Casa Telles, de frente para a Praça da Estação, a Praça Getúlio Vargas.  A criação daquela instituição financeira tinha por finalidade, segundo historiadores, dar suporte aos plantadores de café, cujo resultado vitorioso levou o dinâmico empresário a criar em Portugal os cafés "A Brasileira do Chiado", no Rossio, outra em Sevilha (Espanha), perto da Praça do Saldanha, em Lisboa, "A Paulistana", e também Brasileira do Porto,conforme as informações de seu bisneto Artur Gavão Teles Tomé. Acrescenta-se ao valor histórico a passagem do Viçosense Artur Bernardes como funcionário daquela Casa, e que veio, mais tarde a tornar-se presidente da república.
A Brasileira - Incêncio. Imagem: CM JORNAL

A Brasisleira O Porto. Imagem: Tripadivisor

A Brasileira - interior. Imagem: Wikimédia

Café A Brasileira. Imagem: Wikimédia

Café A Brasileira Lisboa. Imagem: Dreamguides

Café A Brasileira Porto. Imagem: Porto Sentido

Café A Brasileira - Lisboa. Imagem: Wikipédia

Café A Brasileira - Porto. Imagem: Wikipédia

Café A Brasileira - Lisboa. Estátua de Fernando Pessoa. Imagem: Wipédia


Majestic Café A Brasileira. Imagem: Boas Notícias




Por ironia da história, hoje temos em Portugal várias lojas preservadas de A Brasileira, e aqui nenhuma da original Casa Telles. Restam as imagens em fotografias para lembranças de quem preserva a cultura e para os visitantes do Museu.

A Professora Theresinha de Almeida Pinto renunciou à presidência do Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico e Cultural, por não ter conseguido preservar ao menos uma porta da histórica Casa Telles, um pedaço de Adriano na Praça 28 de Setembro de Visconde do Rio Branco.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)






       


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