sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sem Plano Diretor e sem Planejamento, o Município perde beleza e funcionalidade








         Visconde do Rio Branco deixou de ser uma cidade bonita e funcional quando o tempo deveria ter-lhe aberto oportunidade para ser melhor.

         Tanto se falou em Plano Diretor, como diretriz para seu desenvolvimento, como exigência constitucional com data marcada para entrar em vigor.  Se entrou, foi apenas um ato burocrático, formal.  Na prática, percebemos o improviso no resultado do seu aspecto urbanístico, na lentidão do seu trânsito, na dificuldade de acesso aos seus bairros criados nos altos dos morros de aclive forte, no surgimento de inúmeras áreas de risco, por falta de planejamento para o crescimento urbano, na baixa produção de produtos agrícolas, na ausência de busca de um sistema de ensino que superasse a baixa qualidade do existente, na agressão ao meio-ambiente com a devastação de matas ciliares e criação de obras públicas e particulares dentro dos rios Chopotó(Xopotó) e Piedade.  E por uma série de fatores que dependeriam de planejamento para médio e longo prazos.
Construções dentro do Rio Chopotó . CM 16/07/2012

Construções dentro do Rio Chopotó e Piedade. CM 16/07/2012




         Não há política compensatória para os trabalhadores que compulsoriamente têm de aceitar salários aviltantes para assegurar o emprego.  Sem um código de obras e edificações, as novas construções surgem dentro de um espírito individualista e prepotente, sem limites de altura e sem considerações com o volume que acarretam ao trânsito,  sobretudo no centro da cidade. O conjunto arquitetônico se apresenta desalinhado, sem harmonia, como se cada um não estivesse dentro de um grupo social, na acepção de cada um por si.
Praça 28 de Setembro e Rua Pres. Antônio Carlos. CM 14/04/2013

Praça 28 de Setembro. CM 14/04/2013




         As áreas de risco multiplicam-se às margens dos rios e nos altos dos morros, onde foram concedidos alvarás de construção, indiferentes ao choque entre a vida humana e os fenômenos da Natureza.  O descuido com os problemas sociais e educacionais fizeram surgir índices alarmantes de criminalidade. Acontecem em pequeno espaço de tempo assaltos a casas comerciais, a treilers, postos de gasolina, além de homicídios até entre familiares.

As coisas vão acontecendo e a população se habituando à rotina.  Para cada um parece normal, ou é como se não existisse, até que se torne vítima diretamente ou por alguém da família.

Desde a morte do casal na estrada da Fazenda de Santana, perseguido em fuga desde a Bolívia, com passagem por Goiânia, Ribeirão Preto, Ponte Nova, Viçosa, em 20 de março de 2012, com suspeita de envolvimento com o Tráfico Internacional de Drogas, as suspeitas de que possa haver no Município um núcleo do Crime Organizado, com ramificações externas, se tornam mais fortes. 


Nós amamos a cidade e queremos não acreditar na realidade.  Mas precisamos ter consciência deste estado de coisas, para cobrar dos responsáveis medidas de superação dos problemas, e cada um fazer a sua parte.

A implantação do Plano Diretor teria que ser feita com ampla discussão que envolvesse todas as camadas sociais, através de representantes legítimos de cada segmento, com independência de posições partidárias.  Deveria ser uma discussão plural, ampla, amadurecida, baseada em itens levantados a partir dos problemas e das perspectivas coletivas.  Dentro do Plano Diretor teria que haver as divisões para cada atividade: Desenvolvimento,  Obras-edificações, Trânsito, Arquitetura, Meio-ambiente, Questões Sociais, Agricultura, Urbanização, Estética, Educação, Segurança e tantos itens quantos fossem levantados por um grupo de estudos composto por representantes da sociedade.  Para cada item um código, com o objetivo de harmonizar e disciplinar as funções de cada setor. 

O povo de Visconde do Rio Branco tem direito de sonhar com uma cidade realmente melhor.  Para isto tem valores humanos, que, entretanto, ficam sufocados pelo mandonismo coronelista, prepotente para impor condições, transgredir leis e regras e impedir ações benéficas que alguns bem intencionados tentam colocar em prática.  Haja vista nossa Câmara de Vereadores, onde existem alguns com vontade de fazer o bem, que se sentem amarrados, impedidos por atitudes caciquistas que dominam uma maioria dependente, sem autonomia para acompanhar as melhores idéias e as melhores iniciativas.   

A cidade perdeu ética, estética e muito no comportamento social.  A infiltração aleatória ou organizada das facções criminosas vai tornado, quase sem se perceber, a nossa urbes em um centro provável  dos crimes de encomenda, que deveriam estar perdidos no passado remoto do tempo dos coronéis de patente comprada, quando a autoridade estava condicionada à quantidade de terra possuída, e ao número de escravos nas senzalas.

O cenário paisagístico de um lugar revela o nível de cultura de seu povo. Quando são destruídos os cartões postais, a cultura entra em decadência, e evidencia a vida de cada um por si, onde desaparece a união, a paz e a civilidade.  Se o momento revelar um crescimento monetário, ele estará concentrado em poucas mãos, com origem duvidosa e a escravizar o tênue tecido social.

Se houver desprezo à educação, haverá, ao mesmo tempo,  a intenção de manipular a massa desprovida da faculdade de pensar.   "A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida." - Dewey , John  "A educação visa melhorar a natureza do homem o quenem sempre é aceite pelo interessado." -  Carlos Drummond de Andrade,   "Só a educação liberta."- Epicteto.

Se só a educação liberta, a sua falta aprisiona.   Ela se encontra nos livros, nas palavras, nas artes, na arquitetura.  Símbolos muitas vezes representam as frases que o artista não pode dizer.  

Todo processo de dominação de um povo começa pela destruição da sua cultura, das suas tradições positivas, da sua arte, da sua língua.   O que resta dos Aztecas, dos Mayas, dos Incas e dos nossos índios?

O Plano Diretor do Município tem que considerar todos esses aspectos e tantos outros que somente a população atuante e pensante é capaz de levantar.  A cidade precisa parar para pensar, e evitar sua destruição total.  Depois planejar e caminhar para a solução de seus problemas e alcançar a felicidade coletiva.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

Um comentário:

  1. É triste ver a situação. O plano previa um sistema de planejamento urbano e um conselho de planejamento. Isso existiu em algum momento? No entanto, bote fé que o planejamento é importante. Não desista dele. Parece que o plano será revisto. Cobre o funcionamento do conselho. Lute sempre!

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