segunda-feira, 22 de abril de 2013

Nada justifica deixar os bens públicos ao abandono




                                      

      No dia 03 de outubro do ano passado, a população contratou um novo administrador para zelar pelo Município, quando o anterior não podia, por força de lei eleitoral, ser reeleito para o terceiro mandato.

         Dos  37.932 acionistas dessa grande empresa com  de  mais de 240 Km² de área, com direito a voto, 50,63% escolheram os componentes da equipe administrativa, em um concurso acirrado, cujo resultado a Justiça Eleitoral homologou.  Nada, portanto a contestar.  Afinal, todos os bens públicos existentes dentro deste espaço pertencem a todos sob a responsabilidade dos vencedores da contenda.  Não importa quem haja sido o responsável para a implantação de cada parte desse grande patrimônio comum originário de acertos e erros de administradores desde 1882, ou melhor, desde os tempos do Presídio, ocasião em que os aventureiros apareceram por aqui a molestar nossos indígenas.

         Desde as trilhas de tropas, as estradas de carro de boi, o primeiro asfalto, as construções rústicas, paralelamente vêm sendo levantados os bens públicos indispensáveis à organização e evolução da vida comunitária. Tivemos os presidentes de Câmara a exercer função executiva até chegarmos aos prefeitos que, durante muito tempo, se sucediam a cada quatro anos, em eleições de pouca lisura diante de um vale-tudo que durou muito tempo.  Os currais eleitorais aos olhos de todos e com a conivência da Justiça Eleitoral duraram até há poucas décadas, embora houvesse regras que os impedissem.  Mas os acordos entre caciques faziam desnecessário o cumprimento das leis.  Nos dias de hoje há formal proibição, desrespeitada pelas transgressões sem provas.

         No meio de tudo isto, cada gestão realiza o que lhe parece melhor ou mais conveniente, ora pelo interesse coletivo, ora por interesses pessoais. 

         Os 28 anos a serem completados pelo atual mandato correspondem a domínio exclusivo de dois prefeitos: João Antônio de Souza(médico) e Iran Silva Couri(engenheiro).   O patrimônio público pré-existente pertence à história, como referência daqueles que passaram juntamente com circunstâncias e cultura de certa maneira diferentes.  Antes as prefeituras não dispunham das receitas que a Constituição de 1988 legou aos municípios. Alguns serviços, como a saúde, eram atribuições do governo do Estado e da União.  Com a transferência de receita, algumas atribuições passaram para a competência dos municípios, às vezes de maneira autônoma, às vezes em parceria com as instâncias superiores: educação, moradia, saúde, assistência social etc..   Essas atribuições deram mais visibilidade aos prefeitos, porque deles e das respectivas equipes a população passa a depender diretamente.

         Com as transformações legais, abriu-se a possibilidade da reeleição.

         Neste período de dois mandatárias(João/Iran) o tempo impede que as novas gerações hajam conhecido outras referências. E mesmo os mais velhos sentem-se induzidos a conviver com os acertos e erros desta época, a não ser  que, por questão cultural, prefiram ainda cultuar o passado.  De um jeito ou de outro, estamos todos vivendo em torno desta realidade.

         Por causa dos maus hábitos que vêm desde antes dos currais eleitorais, Visconde do Rio Branco admite a haver a prática negativa de sempre os administradores do presente se desfazerem do que os anteriores hajam feito, como se tudo não pertencesse à comunidade.  Isto parece um ranço não de todo extinto em nossa política.

         O povo é testemunha de que a Avenida Beira-Rio foi uma obra com erros do prefeito Iran. E que durante os oito anos do prefeito João Antônio,  deu trabalho na tentativa de recuperação de cada enchente vivida no período. Era um cumprimento de dever, já que, mal ou bem, aquela era uma obra pública que tinha de funcionar para desafogo do trânsito no centro da cidade, e para justificar as despesas de construção e indenização dos imóveis existentes no trajeto traçado para a pista.  E, ironia do destino, durante aquele tempo, nada menos de quatro enchentes castigaram toda a extensão de suas margens.  Mesmo com todo trabalho de reparos menores e construção de gabiões, ela ainda não se encontra plenamente recuperada no trecho entre as pontes da Água Limpa e do Carrapicho.

         Agora, vivemos o outro lado da moeda. A administração atual recebeu o município com a obra iniciada da UPA – Unidade de Pronto Atendimento 24h, na Rua Eugênio de Melo(Centro).  Há documentos contraditórios com proibição de continuidade, sob alegação de 53 inadequações no projeto: um com data de 01/10/2012 e outro de 10/04/2013;  e outro mais aprovando a construção com data de 03/12/2012.  Os dois proibitivos são originários da Diretoria de Infraestrutura Física de  Vigilância Sanitária/SVS;  o que autoriza é assinado pelo Secretário de Estado de Saúde, Gestor do SUS/MG e Coordenador da CIB-SUS/MG.  Há nisto uma crise de gestões, ou conflito hierárquico.

         Outra questão.  A atual administração encontrou o prédio pronto para funcionar da Creche Municipal Maria de Lourdes Ferraz Lopes, também na Rua Eugênio de Melo, na Barra dos Coutos  Essa rua preenche toda a extensão da antiga Estrada de Ferro do Centro à Barra.  Os correligionários da gestão passada afirmam que o ex-prefeito pedira verba complementar ao Orçamento para equipar aquela unidade escolar de maneira que pudesse funcionar no início deste ano. E que a verba teria sido negada pela a maioria dos vereadores que pertencia à corrente contrária.

         Os atuais administradores alegam que a Creche não funciona por ter sido inaugurada desaparelhada.

         Entre uma alegação e outra, há algo que não se justifica: tanto a obra iniciada, quanto a terminada estão passando estes quatro meses do ano em completo abandono, deteriorando-se diante das intempéries do tempo.
O matagal que cobre uma e vai tomando conta da outra causa erosão e desgaste na alvenaria iniciada, pela acumulação e manutenção da umidade sobre os tijolos à vista: a UPA.  Na Creche, o matagal cresce no pátio, entre paredes e muros, que ficam também sujeitos às ações da umidade da chuva que a vegetação conserva.
Matagal na UPA. CM 14/04/2013

Matagal na UPA. CM 14/04/2013

Matagal na UPA. CM 14/04/2013

Matagal na CRECHE. CM 14/04/2013

Matagal na CRECHE. CM 14/04/2013

Matagal na CRECHE. CM 14/04/2013

Matagal na CRECHE. CM 14/04/2013


         Em questões assim é que tem de haver o avanço da mentalidade dos administradores públicos. O dono das construções é o povo, seus acionistas, tanto os que elegeram os integrantes da administração, quanto os que tiveram posição contrária.   Cuidar do bem comum é ação nobre dos gestores de estado.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)


            

        

     

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