segunda-feira, 22 de abril de 2013

HISTÓRIA DA CASA TELLES - Edgard Amin



HISTÓRIA DA CASA TELES
CONTADA POR RUY DO
BRASIL LEAL

Praça 28 de Setembro - Início do Séc.XX - Imagem: Danton Ferreira


(Publicado pelo Jornal A Imprensa nº 14 - 01 de Março de 2012)

1ª PARTE
Atendi um cliente no escritório, para uma consulta jurídica
de rotina. Após ouvir a situação de seu caso e já com um
parecer para o seu problema, eis que me deparo com um
importante conterrâneo e que viveu a época de ouro em nossa
cidade.
Após trocarmos algumas informações, me presenteou com
um livro contendo a sua Autobiografia, e com o seguinte título:
O TERCEIRO FILHO DE JOSÉ E OTÍLIA. Seu nome: Ruy
do Brasil Leal, o qual relato algumas passagens de seu livro e
que tive o prazer de degustá-lo.
A Casa Teles foi fundada por Adriano Teles e Abílio
Mesquita, o primeiro tio da mãe do Sr. Ruy e o segundo
primo primeiro da sua avó, ambos portugueses.
Compravam todo o café, feijão, milho, etc da vasta Zona
da Mata. Construíram na cidade três engenhos de café e
fundaram o Banco Mineiro para financiar os lavradores da
região.
A Casa fornecia mercadorias para toda a Zona da Mata,
tornando-se forte politicamente, tanto que elegeu os
Deputados CarloPeixoto Filho, Celso Machado e Eugênio
de Melo na ocasião.
Com o sucesso do empreendimento, fundaram em
Portugal, oito casas, filiais, denominadas “A BRASILEIRA”,
onde vendiam em todo o país, produtos brasileiros como carne
seca, café, farinha de mandioca, pimenta, entre outros.
Visconde do Rio Branco tornou-se conhecida em todo canto
de Portugal.
Em 1894, faleceu Abílio Mesquita e a empresa alterou o a
razão social de ADRIANO TELES & ABILIO para ADRIANO
TELES & CIA.
Com o enorme sucesso das filiais em Portugal, Adriano
Teles retornou pra seu país, levando toda a família, deixando
a Casa Teles sob a orientação dos irmãos de Abílio Mesquita,
ou seja, José, Cassiano e Antero.
As residências mais suntuosas de Rio Branco eram dos
Mesquita. Antero e Cassiano no Carrapicho e a chácara de
José Mesquita, com uma ponte de uso particular, no
entroncamento dos rios Xopotó e o Piedade.
A Casa Teles teve uma grande quantidade de empregados,
entre eles, muitos tornaram-se personalidades nacionais e
destaque em todo o Brasil. O mais importante, tornou-se
Presidente da República: Artur da Silva Bernardes, nascido
em Viçosa em 08 de agosto de 1875, tendo sido eleito
Presidente da República em 1922 com mandato cumprido
até 1926. Faleceu em 1955, em Belo Horizonte.
José Nunes Leal, pai do Ruy, foi empregado da Casa Teles
durante 25 anos, quando em 1930 transferiu-se para Juiz de
Fora.
Ruy do Brasil Leal, estudou no Grupo Escolar Dr. Carlos
Soares, tendo como colegas contemporâneos, Jorge Carone
Filho, Oiliam José, Giulite Coutinho, Jotta Barroso, Antonio
Pedro Braga, Raul Mesquita Machado, Lourival Passos,
Francisco Colamarco, Caio de Melo, Claudio Pereira (Cadico)
entre outros. Narra que as moças mais charmosas eram:
Catarina Bouchardet, Rosinha Menicuce, Adylia Pereira, Adahyl
Campos, Edith Reis, Edina Carneiro, Jandyra de Xarvalho e
Amélia Barreto de Araujo.
A política era dividia entre Artur Bernardes e Jorge Carone
de um lado e Antonio Carlos e Celso Machado de outro.
A distração dos moços eram as casas de bilhares . Os
moços andavam no passeio da praça 28 de Setembro da
esquerda para a direita, e as moças na parte interna da direita
para a esquerda, mas na hora exata, elas corriam atéa Estação
da Leopoldina para ver o expressinho passar. Parada de dez
minutos. Podia aparecer cara nova – um viajante quem sabe?
Uma atração , um futuro casamento.
Namorar, casar e ter muitos filhos era a mentalidade sadia
da época. Mulher decente não entrava em bar, não fumava,
não vestia de vermelho e sozinha, não parava com homem na
rua. O Padre era Antonio Correia, muito benquisto pelas suas
virtudes. Moço disputado, rico e de boa família era o Manduca,
filho do Sr. Jose Mesquita. O desaponto foi grande quando
preteriu as moças da cidade para se casar em Nova Era.
Qualquer semelhança com os tempos atuais, é mera
coincidência. Apenas para matar a saudade de um tempo que
não volta mais.
Ruy do Brasil Leal riobranquense nato, é formado em
odontologia, casado com D. Cyrene, também formada em
odontologia, tendo seguido a carreira no Exército Brasileiro,
onde foi o responsável pelo Serviço de Saúde, e tendo sido
colega de outro ilustre riobranquense, Coronel José Felix.
Este livro pode ser encontrado no Museu Municipal de
nossa cidade.
Qualquer semelhança com os tempos atuais, é mera
coincidência. Apenas para matar a saudade de um tempo que não
volta mais.






HISTÓRIA DA CASA TELLES -
PARTE 2

(Publicado pelo jornal A Imprensa em 03/04/2013-Nº 27)


A Casa Telles representou a maior tradição comercial
rio-branquense. Nasceu da operosidade de Adriano Telles
e cresceu com seu fundador e com o trabalho dedicado dos
irmãos Cassiano, José e Anthero Mesquita. Em seu apogeu,
a Casa Telles foi o maior estabelecimento comercial do
Município e um dos maiores do Estado. Na ausência de
bancos, recebia vultosos depósitos e animava a maior
exportação de café no Município, mostrando-se, assim, fiel
aos planos de seu fundador. Embora tenha sido também
conhecida com os nomes de “Ao Preço Fixo” e “A
Brasileira”, acabou sendo a mesma “Casa Telles”, como
todos a conheceram.


Nasceu a Casa Telles em 1886, no prédio que existia
na Praça Getúlio Vargas, na época, Largo da Estação. A
firma que a fundara era constituída dos sócios Adriano Telles
e Abílio Mesquita e girava sob o nome de Adriano Telles,
até 1894, quando faleceu Abílio Mesquita.


Em setembro de 1894, Adriano Telles, que fazia
constantes viagens a Portugal, sentiu necessidade de ter
sócios no comercio. Convidou então para integrarem a firma,
Adriano Telles & Cia, os portugueses Antônio Abranches e
Cassiano Mesquita.

Casa Telles - Ao Preço Fixo. Imagem: Cristóvão Ferreira


No ano de 1902 retira-se da sociedade Antônio
Abranches, dois anos depois em 1904, José Mesquita,
funcionário da firma, é chamado a integrá-la como sócio.
O ano de 1908, marca a retirada de Adriano Telles da
firma. É que as casas de café em Lisboa e do Porto
cresceram consideravelmente e exigiam a constante
presença do ilustre homem de negócios. E para o lugar de
Adriano Telles entra o mais jovem dos irmãos Mesquita:
Anthero.

Imagem: Rita Lopes 


A ausência de Adriano Telles não elimina a tradição
criada pela firma Adriano Telles & Cia. Tal era a amizade
que prendia os irmãos Mesquita ao fundador da Casa Telles
que os sócios Cassiano, para manutenção da firma, passou
a assinar Cassiano Adriano Mesquita Telles.


Com a retirada de Cassiano, a firma ficou em mãos
dos sócios José e Anthero. José conquista, seguindo o
exemplo do irmão Cassiano, alterou seu nome para Jose
Adriano de Mesquita Telles. É a fase mais importante da
Casa Telles, a mais trabalhosa e a mais cheia de surpresas
e em consequência das repercussões da Primeira Guerra
Mundial nos meios econômicos brasileiros.


Em 29 de maio de 1945, falecia no Rio de Janeiro,
José Adriano de Mesquita Telles. E, desde então, a Casa
Telles passou a ser dirigida pela firma Mesquita & Cia.
Ltda., formada pelos sócios Anthero Mesquita, Luiz Gomes
Mesquita, Dr. José Barreto Mesquita, Dr. Fortunato Barreto
Mesquita, Dr. Celso Porfirio Machado, Dr. Ulisses Ferreira,
Dr. Aloísio Ferreira, Srta. Eunice Mesquita, Srta. Guiomar
Lopes Mesquita e Srta. Cacilda Lopes Mesquita.


Finalmente com a morte de Anthero Mesquita, em Juiz
de Fora, em 25 de maio de 1954, entrou para a empresa,
Elvira Lopes Mesquita, viúva do extinto, que foi uma das
mais venerandas figuras da sociedade rio-branquense de
seu tempo, impondo-se à admiração de todos por sua
serenidade, incorruptível honestidade, amor a família, espírito
de fé e método de trabalho.


Pelos balcões e armazéns da Casa Telles, passaram
nesses longos anos de sua existência, quase centenas de
funcionários, inclusive o jovem viçosense Arthur da Silva
Bernardes, depois eleito, deputado estadual, federal,
Presidente do Estado e Presidente da República.


Extraído do Livro Fatos e Figuras de Visconde do Rio
Branco de Oiliam José. Leopoldina. Tipografia
Diocesana. 1956. 279 p.
Colaborou: Gustavo Soares Sabioni
Fotos ilustradas de Cristóvão Ferreira e Helio Veríssimo

edgardamin@yahoo.com.br


Imagem de onde existiu a Casa Telles, ao lado do que foi o Hotel Braga. Destaque para os fundos do prédio construído para o Banco Mineiro S/A. CM 14/04/2013

Imagem de onde existiu a Casa Telles, ao lado do que foi o Hotel Braga. Destaque para os fundos do prédio construído para o Banco Mineiro S/A. CM 14/04/2013




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