quarta-feira, 20 de março de 2013

Saúde, a cada dia um desvio


                   

         O sistema de saúde, em Visconde do Rio Branco, vive momento delicado. A recusa de dar prosseguimento à obra da UPA, aprovada desde 03 de dezembro de 2012, a desapropriação do terreno onde deveria ser construído o hospital beneficente, sob alegação de usá-lo para construção de casas populares, fogem à lógica e ao bom senso que o momento exige. Algumas coisas começam a melhorar, como o fornecimento de remédio na Farmácia Municipal. Mas, se analisarmos a questão a fundo, essa melhoria parece servir de cortina de fumaça para encobrir o erro de perder a oportunidade de ter a Unidade de Pronto Atendimento 24 horas.

         A crise da Dengue surge na hora oportuna para justificar que toda iniciativa para ampliar as bases de atendimento rápido e número de vagas de internação teriam que ser aproveitadas e agilizadas.  Concluir a UPA e dar início a construção de mais uma unidade hospitalar seriam prioridades inadiáveis.  Restringir  os passos nessa direção, perder esta oportunidade, corresponde a ação dolosa de lesa humanidade.  

         A população vive momento de carência. Perder oportunidades de diminuir ou eliminar essa carência, simplesmente por divergências políticas, causa pasmo em quem pensa com isenção de ânimo, com racionalidade, acima das questões pessoais.

         Na sexta-feira passada a “Prefeitura decreta situação de emergência para conter avanço da Dengue
Publicado em 15/03/2013”.   E justifica:

“Com o aumento no número de casos de dengue e diante da necessidade de resposta imediata ao controle de infecções, a Prefeitura de Visconde do Rio Branco decretou situação de emergência nesta quarta-feira.
Mais adiante revela:

PESQUISA

- Conforme o boletim da Secretaria de Saúde divulgado no dia 11 de março, o município soma 1.202 notificações até o momento, das quais 127 já receberam confirmação como caso positivo pela Fundação Ezequiel Dias, laboratório da Secretaria Estadual de Saúde. Apesar de não terem sido registrados óbitos ou complicações, o Decreto se antecipa à possibilidade de o município viver um quadro grave de epidemia.  14/03/2013.

Pela evolução dos fatos, constatou-se que o quadro se agravou até o final da semana. O senhor conhecido como Alair da Discolândia faleceu na sexta-feira, 15, acometido de Dengue, conforme declaração do seu companheiro de trabalho, Sr. Malaquias, que se encontrava no velório, ao lado do corpo, na capela mortuária do Cemitério São João Batista.

Aquelas 1202 notificações do dia 11, segunda-feira, certamente cresceram e podem estar crescendo.  E os 127 casos confirmados, com toda certeza, são maiores. Leve-se em conta que muitas ocorrências não são notificadas, quando realizadas fora do sistema do Sistema Único de Saúde, em atendimento particular. 

Tudo são fatores para mostrar que o trabalho da Saúde vem tomando caminhos distorcidos, fora dos padrões estabelecidos e das necessidades da população, com a isenção que deveria nortear o uso de verba pública por agentes do Estado/Município.

Vejam que o projeto de implantação das Unidades de Pronto Atendimento 24 horas – UPAs, nasce no Ministério da Saúde e é implantado em ação solidária da União com estados e municípios, dentro dos princípios constitucionais de que “Saúde é um direito de todos”.  Está acima de questões partidárias e ideológicas, porque o governo federal, os estados e os municípios, como é natural, são dirigidos e administrados por eventuais mandatários transitórios(quaisquer que seja seus partidos) em jurisdições ou alçadas que são permanentes.  

Não pode uma administração castrar os direitos e os benefícios direcionados a um povo, porque outra administração criou os seus embriões. Nenhuma administração, nenhum governante é dono da res-pública, da coisa pública, do patrimônio material ou imaterial dos cidadãos.  “A César o que é de César”. Ao povo o que é do povo.  Essa ideia de posse é uma herança maldita da Monarquia, que desejava impor a todos a crença de que a dinastia era descendência dos deuses.  Os tempos fazem transpor para o sistema democrático e republicano a prepotência de que o poder pertence às oligarquias dominantes, como sucessoras das dinastias, que geram a prática do nepotismo.

Querem, mas não pode ser assim. Por isto, o tempo de mandato é limitado. E ocorre a alternância de grupos e partidos no poder.  Mas ainda não é completo.

Teria que haver também alternância de classes sociais, para evitar que os sucessores fossem sempre defensores dos mesmos interesses de classe. E, no jogo de interesses, uns querem dominar mais do que os outros, como a pretender no tempo de seu mandado anular os benefícios sociais do outro, em favor de interesses particulares que envolvem vantagem de investimento de capital privado arrancado do interesse público, como a saúde.

Falta ao sistema político implantar a possibilidade de os eleitores exigirem dos eleitos a devolução dos mandatos por mal uso de sua prerrogativa.  Seria o recall político.  Não podem fazer o que querem durante aquele tempo para o qual foram eleitos.  Nesta ação da saúde, que é suprapartidária, a diferença de siglas entre uma administração e outra não pode influir negativamente no encaminhamento de obras e trabalhos que interessam ao povo.

Do mesmo modo que a melhoria no atendimento da Farmácia Municipal pode ser uma cortina de fumaça para embaçar a paralisação da UPA, o anúncio das casas populares no terreno destinado ao hospital municipal, tenta fazer esvanecer a inviabilização daquela unidade hospitalar.

(Frankliln Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário