Felizmente foi descoberto a tempo o risco de desmoronamento
de parte do prédio do antigo Hotel Braga. Por uma coincidência, a polícia
procurava vasculhar a edificação sob denúncia do Ministério Público de que
estava ocorrendo exploração sexual de menores nas suas dependências. Os riscos se encontram à altura da esquina da
Praça 28 de Setembro com Rua Presidente Antônio Carlos. Segundo os técnicos do Corpo de Bombeiros, a
parte do lado da Praça Getúlio Vargas e um pequeno trecho na Presidente Antônio
Carlos estão em condições seguras. As inspeções tiveram confirmação do
engenheiro Alair Silva: “Metade
da estrutura apresenta grande quantidade de trincas largas, vigas e colunas
escoradas por estacas de madeira, paredes deterioradas e corroída por cupim.
Esta parte da edificação está condenada, correndo sério risco de desabamento”.
Lote onde existiu a Casa Telles. CM
Hotel Braga na divisa com o lote da Casa Telles. Site da Prefeitura
Hotel Braga: paredes com estacas de madeira. Site da Prefeitura
Hotel Braga: Corpo de Bombeiros e comerciantes. Site da Prefeitura
Hotel Braga: Engenheiro Alair Silva e comerciante. Site da Prefeitura
Hotel Braga: Engenheiro Alair Silva e soldado do Corpo de Bombeiros. Site da Prefeitura
Hotel Braga: Fachada na esquina e material de isolamento da área. Site da Prefeitura
A descoberta aconteceu às vésperas do
Carnaval. E o Corpo de Bombeiros decidiu
interditar áreas das ruas e das calçadas a uma largura de seis metros das
paredes. O isolamento está feito por placa de latão bruto em curva na esquina e
com extensão para cada lado paralela aos pontos de risco em caso de
desabamento. Durante o Carnaval, houve
interdição da pista da Praça desde a Travessa Nestor Gomes até a Rua Presidente
Antônio Carlos que também ficou impedida para trânsito até a Praça Getúlio Vargas(Estação). O site da Prefeitura registra que “O Tenente Guilarducci, do Corpo de Bombeiros,
ressaltou que “As ondas sonoras podem causar uma trepidação muito superior à
que o prédio suporta. Mostramos a situação do primeiro andar para os
comerciantes e eles compreenderam a necessidade da medida”.
Agora, a pista da Praça 28 de Setembro se encontra liberada
em meia largura, para passagem de veículos. E a da Presidente Antônio Carlos
continua interditada.
Diante desta situação, ficará um desafio: o prédio sujeito a desabar, ao lado do lote
vazio onde existiu a histórica Casa Telles.
O latão na frente como proteção.
A Praça que outrora era considera uma das mais belas do Estado sente
quebrada a sua estética a cada fato novo. O que fazer? O prédio com risco de desabamento, e suas
rachaduras expostas para o lado do lote vazio vai permanecer assim? Por quanto tempo?
Aquela proteção serve como uma advertência, não como
impedimento de risco. Ninguém pode garantir que alguma criança, ou pessoa
desavisada, ou distraída penetre por aquele trecho condenado. O perigo continua.
Com o laudo do Corpo de Bombeiros e a chancela do engenheiro
Alair Silva, os poderes constituídos têm que tomar providências para a
restauração do prédio na sua totalidade de maneira a garantir a vida dos transeuntes. Os comerciantes também afetados pela
interdição necessitam ver restaurados seus meios de sobrevivência.
A Praça 28 de Setembro é o coração da cidade. E esse
desarranjo na estética vai além de ferir a sua beleza; está como doença
aterosclerótica, obstruindo as suas carótidas. O
povo de Visconde do Rio Branco quer vida eterna para o encanto da Praça na sua
plenitude. Não cabe marca-passo.
Parece difícil pensar em demolição do
prédio, porque ele ocupa todo o ângulo de um quarteirão, e tem a metade fora de
perigo. Do ponto de vista histórico, a sua restauração é mais adequada, se a
estrutura oferecer condição para esse trabalho e puder eliminar a possibilidade
de desabamento. A demolição pura e
simples abrirá mais um clarão de espaço vazio ao lado do que já existe da Casa
Telles. Tem de haver estudo sem perda de tempo para uma medida ou outra. Na
hipótese de ser demolido, o mínimo que se deve exigir dos proprietários do
terreno é a construção de muros para evitar a existência de uma grande área
baldia a ameaçar os batimentos desse combalido coração.
Se houvesse acordo entre os
proprietários, a Prefeitura e a Câmara de Vereadores, seria ideal a
desapropriação por interesse público, e serem construídos no local prédios para
fins educativos e culturais. Por que não sonhar com uma grande faculdade
pública bem no centro da cidade? Será um
meio de a população de baixa renda alcançar os cursos superiores, como uma
conquista social, em um município de tanta concentração de renda.
Para preservar o que resta da beleza e
funcionalidade da Praça, está passando da hora de existir um código de
construções e edificações que, no mínimo, limite a altura dos novos prédios,
para evitar a continuação da quebra de harmonia arquitetônica em relação às
construções históricas que retrataram o status cultural de uma época. Evitar
que os caixotões de mau gosto continuem a ofuscar o que há de belo e artístico
característicos da imagem da cidade.
O espaço central se encontra saturado
com a alta densidade demográfica e o grande número de veículos que trafegam na
área. Qualquer edifício construído no ponto do metro quadrado mais caro do
município gera pelo menos a existência de um veículo por apartamento. O pavimento
térreo de cada um cria garagens que exigem a proibição de estacionamento na sua
frente, como é natural. Quanto mais
apartamentos, mais veículos, maior garagem e menor espaço para uso
público. Indiretamente passa a ser uma
invasão do espaço público pelo interesse privado.
Assim, a situação do prédio do Hotel
Braga e do vazio da Casa Telles provoca uma reflexão sobre o estado geral da
Praça 28 de Setembro e todo o seu entorno no raio de um quilômetro. Toda agressão a esse conjunto é um atentado
contra a imagem da parte mais simbólica do Município. Um coração fragilizado provoca a queda da
vitalidade e da beleza do organismo inteiro.
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