sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Como ficará o prédio do antigo Hotel Braga?


                  

      Felizmente foi descoberto a tempo o risco de desmoronamento de parte do prédio do antigo Hotel Braga. Por uma coincidência, a polícia procurava vasculhar a edificação sob denúncia do Ministério Público de que estava ocorrendo exploração sexual de menores nas suas dependências.  Os riscos se encontram à altura da esquina da Praça 28 de Setembro com Rua Presidente Antônio Carlos.  Segundo os técnicos do Corpo de Bombeiros, a parte do lado da Praça Getúlio Vargas e um pequeno trecho na Presidente Antônio Carlos estão em condições seguras. As inspeções tiveram confirmação do engenheiro Alair Silva:  “Metade da estrutura apresenta grande quantidade de trincas largas, vigas e colunas escoradas por estacas de madeira, paredes deterioradas e corroída por cupim. Esta parte da edificação está condenada, correndo sério risco de desabamento”.
Lote onde existiu a Casa Telles. CM

Hotel Braga na divisa com o lote da Casa Telles. Site da Prefeitura

Hotel Braga: paredes com estacas de madeira. Site da Prefeitura

Hotel Braga: Corpo de Bombeiros e comerciantes. Site da Prefeitura

Hotel Braga: Engenheiro Alair Silva e comerciante. Site da Prefeitura

Hotel Braga: Engenheiro Alair Silva e soldado do Corpo de Bombeiros. Site da Prefeitura
Hotel Braga: Fachada na esquina e material de isolamento da área. Site da Prefeitura


         A descoberta aconteceu às vésperas do Carnaval.  E o Corpo de Bombeiros decidiu interditar áreas das ruas e das calçadas a uma largura de seis metros das paredes. O isolamento está feito por placa de latão bruto em curva na esquina e com extensão para cada lado paralela aos pontos de risco em caso de desabamento.   Durante o Carnaval, houve interdição da pista da Praça desde a Travessa Nestor Gomes até a Rua Presidente Antônio Carlos que também ficou impedida para trânsito até a Praça Getúlio Vargas(Estação).  O site da Prefeitura registra que “O Tenente Guilarducci, do Corpo de Bombeiros, ressaltou que “As ondas sonoras podem causar uma trepidação muito superior à que o prédio suporta. Mostramos a situação do primeiro andar para os comerciantes e eles compreenderam a necessidade da medida”.

        Agora, a pista da Praça 28 de Setembro se encontra liberada em meia largura, para passagem de veículos. E a da Presidente Antônio Carlos continua interditada.

        Diante desta situação, ficará um desafio: o prédio sujeito a desabar, ao lado do lote vazio onde existiu a histórica Casa Telles.  O latão na frente como proteção.  A Praça que outrora era considera uma das mais belas do Estado sente quebrada a sua estética a cada fato novo. O que fazer?  O prédio com risco de desabamento, e suas rachaduras expostas para o lado do lote vazio vai permanecer assim?  Por quanto tempo?

        Aquela proteção serve como uma advertência, não como impedimento de risco. Ninguém pode garantir que alguma criança, ou pessoa desavisada, ou distraída penetre por aquele trecho condenado. O perigo continua.

        Com o laudo do Corpo de Bombeiros e a chancela do engenheiro Alair Silva, os poderes constituídos têm que tomar providências para a restauração do prédio na sua totalidade de maneira a garantir a vida dos transeuntes.  Os comerciantes também afetados pela interdição necessitam ver restaurados seus meios de sobrevivência. 

        A Praça 28 de Setembro é o coração da cidade. E esse desarranjo na estética vai além de ferir a sua beleza; está como  doença aterosclerótica, obstruindo as suas carótidas.  O povo de Visconde do Rio Branco quer vida eterna para o encanto da Praça na sua plenitude.  Não cabe marca-passo.

        Parece difícil pensar em demolição do prédio, porque ele ocupa todo o ângulo de um quarteirão, e tem a metade fora de perigo. Do ponto de vista histórico, a sua restauração é mais adequada, se a estrutura oferecer condição para esse trabalho e puder eliminar a possibilidade de desabamento.  A demolição pura e simples abrirá mais um clarão de espaço vazio ao lado do que já existe da Casa Telles. Tem de haver estudo sem perda de tempo para uma medida ou outra. Na hipótese de ser demolido, o mínimo que se deve exigir dos proprietários do terreno é a construção de muros para evitar a existência de uma grande área baldia a ameaçar os batimentos desse combalido coração.

        Se houvesse acordo entre os proprietários, a Prefeitura e a Câmara de Vereadores, seria ideal a desapropriação por interesse público, e serem construídos no local prédios para fins educativos e culturais. Por que não sonhar com uma grande faculdade pública bem no centro da cidade?  Será um meio de a população de baixa renda alcançar os cursos superiores, como uma conquista social, em um município de tanta concentração de renda.

        Para preservar o que resta da beleza e funcionalidade da Praça, está passando da hora de existir um código de construções e edificações que, no mínimo, limite a altura dos novos prédios, para evitar a continuação da quebra de harmonia arquitetônica em relação às construções históricas que retrataram o status cultural de uma época. Evitar que os caixotões de mau gosto continuem a ofuscar o que há de belo e artístico característicos da imagem da cidade.

        O espaço central se encontra saturado com a alta densidade demográfica e o grande número de veículos que trafegam na área. Qualquer edifício construído no ponto do metro quadrado mais caro do município gera pelo menos a existência de um veículo por apartamento. O pavimento térreo de cada um cria garagens que exigem a proibição de estacionamento na sua frente, como é natural.  Quanto mais apartamentos, mais veículos, maior garagem e menor espaço para uso público.  Indiretamente passa a ser uma invasão do espaço público pelo interesse privado.

        Assim, a situação do prédio do Hotel Braga e do vazio da Casa Telles provoca uma reflexão sobre o estado geral da Praça 28 de Setembro e todo o seu entorno no raio de um quilômetro.  Toda agressão a esse conjunto é um atentado contra a imagem da parte mais simbólica do Município.  Um coração fragilizado provoca a queda da vitalidade e da beleza do organismo inteiro. 

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