sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Clima de festas mistura-se com expectativa de transição política




         Este fim de semana, o último do ano, está mexendo com a cabeça das pessoas, quando as emoções afloram no espaço do feriadão.  Ninguém pensa em trabalho na segunda-feira, 31, porque o réveillon domina com o pico da festa na virada de 2012 para 2013.
        
         Paralelamente, o grupo vencedor das eleições vive ansioso para assistir à posse dos eleitos, com o mesmo sentimento de um torcedor de futebol que vê seu clube sagrar-se campeão.

         Seria um passo bem avançado se a população encarasse os dois acontecimentos com significado diferente.  Mas ainda não chegamos a esse ponto.

         O prefeito eleito Iran Silva Couri vai para o terceiro mandato alternado completar 12 anos à frente do poder executivo. Somados aos 16 anos de quatro mandatos de João Antônio de Souza(Dr. João), os dois completam 28 anos ininterruptos.   Iran, tento a condição legal de se reeleger, poderá empatar com seu rival em quatro mandatos, o que parece ser sua maior aspiração. Neste caso,   juntos, chegarão aos 32 anos que terminarão em 2020.

         Voltando no tempo,  João elegeu-e pela primeira vez em 1988. E não transferiu seus votos para ex-prefeito Viçoso Camacho Lacerda(então seu vice), nas eleições de 1992, na primeira vitória do Iran. E nem se empenhou para isto, confirme diziam os observadores à época.  Parece ter fundamento, porque, logo depois o ex-prefeito passou para a corrente do Iran. Em 1996, Iran não transferiu votos suficientes para eleger o seu tio, médico Edgard Silva, contra João que teve seu segundo mandato encerrado com a segunda vitória de Iran em 2000.  Em 2004, Iran não transferiu votos suficientes para Gilberto Cadedo contra João, que chegou ao terceiro mandato.  Em 2008, João completava seu terceiro mandato. O instituto da reeleição já estava em vigor.  Era o momento em que Iran tentava empatar com João, em confronto direto, para ambos ficarem com três mandatos. Mas, por diferença de pouco mais de 400 votos(2%), João foi reeleito e chegou ao Tetra e Iran permaneceu no Bi.

Fizeram lembrar Brasil x Argentina na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Argentina tinha o Bi, tentava se igualar ao Tri do Brasil, quando um pênalti chutado para as nuvens pelo italiano     
Roberto Baggio fez o Brasil Tetra Campeão.  Daí para frente, o Brasil chegou ao Penta e luta para o Hexa.

        A partir daí, começam as diferenças para comparação.  A reeleição só pode ser uma vez. João não pôde se candidatar de novo. Neste ano de 2012,  lança o novato Fabinho(Fábio Antonucci Filho, filho do Vice-Prefeito Fábio Antonucci). No começo sua aceitação mal chegava aos 16%, segundo as estimativas extra-oficiais. 

        No contexto geral, desde 2004 o eleitorado demonstrava um desejo de certa maneira desorganizado, e de pouca percepção objetiva, de mudança notado no elevado número de votos brancos, nulos e abstenções.  Em 2008, esse desejo tornou-se claro na renovação marcante no quadro da Câmara de Vereadores. De 9 vereadores, 6 não se reelegeram. E os novatos tiveram o dobro dos votos dos reeleitos. Tendência que se repetiu agora, em 2012, a revelar forte insatisfação com o Poder Legislativo Municipal, que passou a ter um quadro funcional multiplicado, junto com despesas elevadas com viagens nem sempre justificadas, o que acarretou custos pesados para os cofres públicos  sustentados por uma população contribuinte de muito baixa renda. Desta vez também somente três vereadores se reelegeram, por desistência de alguns, como o próprio presidente da Câmara Jayme Silva Filho, e rejeição de outros.  Um fato raro, que desagradou ao eleitorado, foi a permanência do mesmo presidente por quatro anos, quando a praxe é alternância em dois anos.

        Apesar da candidatura do Luiz do Bigode, a campanha se polarizou em torno do Fabinho, por ser o indicado por João, e do Iran, em busca de diminuir a diferença de mandato em relação ao seu competidor. 

        Os eleitores, de um lado e de outro, e que desejavam algo de novo, evitaram se aventurar pelo completamente novo, o candidato alternativo, e facilitar a vitória do rival. E Fabinho, mesmo sendo candidato da situação, tinha a imagem de novidade, por sua própria condição de jovem, e de nunca ter tido qualquer mandato.

        Com esse perfil de representar algo de novo e de servir de acolhedor do eleitorado fiel a João, a campanha mudou de rumo, e tomou um aspecto plebiscitário. Praticamente o SIM contra o NÃO. E a imagem da candidata a Vice, Nelcy Braz, na chapa do Fabinho, acrescentou-lhe o conteúdo de seriedade, graças à boa reputação da grande família Braz, a partir do povoado de Santa Maria para todos os seus consanguíneos espalhados pela cidade e por todo o Brasil. Além disto, a Nelcy tem ótima aceitação pelos que passam diariamente pelos serviços do Posto de Saúde da Beira-Rio e vêem como positiva a sua atuação, considerada como muito atenciosa e interessada nos problemas dos pacientes.  Esses fatores arrefeceram a imagem de “menino maluquinho” que os adversários tentaram imputar a Fabinho. O seu trabalho pela recuperação da Faculdade em Visconde do Rio Branco, deu-lhe mais um atributo favorável de atuação política.

        Não parecia mais que era uma disputa desigual. A movimentação dos comícios mostrava desta vez maior envolvimento espontâneo da população. Havia “algo novo” no ar.
E a disputa ficou acirrada. Ninguém tinha certeza da vitória. Cada um “comemorava” antecipadamente para encorajar os militantes.

        Era uma disputa tão dividida, que a virada de qualquer eleitor significava dois. Diminui de um lado e soma do outro.  

        Iran venceu com 622 votos(2,57%).  Para os que pensam em eleitores que viram, isto pode significar um comportamento de 311. Mas tudo são hipóteses que dão margem a muita especulação.  O melhor é adotar a posição de um velho político mineiro, Milton Campos. Perguntado por que João Goulart ganhou a vice-presidência da República em 1960, ele simplesmente respondeu:

        - Foi porque ele teve mais votos.
        Assunto encerrado.

        Dr. João tem o mérito de ter governado esses quatro anos com minoria na Câmara de Vereadores sem ter apelado para a barganha de cargos a troco de apoio.

        Da maioria oposicionista, o Amigo Xereba merece reconhecimento por ter agido com independência ao tomar posições de interesse público, qualquer que fosse a iniciativa.  E foi quem mais apresentou projetos e requerimentos de conteúdos sociais. Teve trânsito livre em todas as camadas da população e, crê-se, recebeu votos de todas as correntes políticas.
É o vereador mais habilitado para presidir a Casa, por sua experiência no mandato que finda, na sua capacidade de legislador, conhecedor do Regimento Interno e da Lei Orgânica do Município. Respeitado por todos.   E, como suporte maior, o apoio recebido em peso da população. E o maior número de votos: 1.148.

        O empate de Iran com Dr. João em número de mandatos é possível, mas não são favas contadas.  Com essa diferença de pouco mais de 2%, Fabinho e Nelcy em três meses saíram do nada para a competição de igual para igual.  Sem se falar no próprio Dr. João que continua vivo, com todo o direito de concorrer de novo. Muita água tem de passar debaixo das pontes.  Iran ainda não passou pelo desafio das enchentes que abalaram a cidade nos últimos oito anos, principalmente a tênue Avenida Beira Rio que ele mesmo construiu no seu primeiro mandato resultante das eleições de 1992.  Hoje um engenheiro mais experiente do que naquele começo, há de saber explicar e resolver a capacidade da calha do Chopotó e do Piedade para absorver o volume das águas das enchentes, como aconteceu em 2006, 2008, 2010 e em janeiro de 2012, uma repetição da de 1932, a principal referência dos tempos conhecidos.

        A população de Visconde do Rio Branco deseja que Iran acerte em todo o seu mandato, favorecido com maioria parlamentar de que dispõe na Câmara, e seja bem sucedido. O Município não pertence particularmente a nenhum mandatário ou corrente política.  Pertence ao seu povo, os contribuintes de todas as camadas sociais, que precisam de escola, saúde, moradia, e uma qualidade de vida compatível com a dignidade humana.

        Se neste ano que finda a cidade foi melhor em saúde do que o Estado de Minas Gerais, a Região Sudeste e o Brasil, na avaliação do SUS, teremos de caminhar para frente. Nunca admitirmos retrocesso.  O povo quer e precisa mais ainda, não só em saúde, mas, principalmente em Educação, com as escolas de tempo integral, como consta no programa do então candidato e agora prefeito eleito. Além dessas escolas para os cursos básicos, os jovens desejam atingir os cursos médio e superior. Enfrentamento dos problemas sociais é necessário para tirar as novas gerações do ambiente do narcotráfico e da violência que aniquilam caráter, valores e vidas.    

        Todos vão comemorar as festas de passagem de ano.  O dia 1º de janeiro, dia da posse dos eleitos, é, apropriadamente, o DIA CONFRATERNIZAÇÃO UNIVERSAL.  É oportuno que não haja vencedores e vencidos, mas todos competidores por uma cidade melhor e uma população mais feliz!

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

                    

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