A sociedade descrê, com razão da classe
política. Mas de uma verdade ninguém pode fugir: os membros dessa classe saem
da mesma sociedade e são por ela eleitos.
Quando Rui Barbosa dizia que “Pátria é
a família ampliada”, estava implícito que a pátria são todos, inclusive os
políticos. Os seus erros, senão todos, mas muitos, portanto, são erros de raiz.
As vantagens que procuram tirar dos privilégios de cargos são comparáveis às de
qualquer cidadão que “acha” dinheiro, ou qualquer objeto e, sabendo quem é seu
proprietário, nega-se a devolver se ninguém mais ficar sabendo do achado.
oab.org.br
Se os componentes da sociedade fossem
puros em si, ninguém precisaria deixar carro trancado em estacionamento, nem se
preocupar em dar duas voltas no cadeado do portão ao sair de casa. Ninguém
seria elogiado por sua honestidade, considerada uma virtude, quando na verdade
é um dever.
Vemos tantos exemplos dos que combatem
os erros alheios, até que tenham a oportunidade de cometer os mesmos
erros. E, na política, as práticas
presentes estão repletas desses exemplos.
Todos se lembram de tudo o que o PT combatia quando estava na oposição. Bastou assumir o governo para seguir
literalmente as mesmas posições, praticar os mesmos atos e até buscar alianças
com seus antigos adversários. Segue o
neoliberalismo de FHC, com suas privatizações; dá seguimento às
desnacionalizações dos setores estratégicos, como a exploração do petróleo e
seus derivados; flexibiliza as leis trabalhistas, com a desoneração da folha de
pagamento e conseqüente perda de recursos da Previdência Social; provoca queda
do valor real das aposentadorias, com manutenção do fator previdenciário;
associa-se a Collor, Sarney, Rennan Calheiros, Roberto Jefferson, Paulo Maluf(através
do apoio do PP); fica no centro de escândalos de compra de votos, como no
Mensalão; mantém liberdade para agiotagem do sistema financeiro; nada fez para
conter a queda do valor real dos salários por meio da rotatividade da mão de
obra; impediu a apuração do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo
André.
olharnacional.blogspot.com
Os componentes do PT agiram
enganosamente pela conquista do poder, pregando a ética na política, enquanto
estavam de fora. Desde que lá chegaram, trocaram a ética e os princípios pelo
cinismo, a ponto de expulsarem do Partido os correligionários que pretenderam
defender os a fidelidade partidária, como Heloísa Helena e outros, que tiveram
de fundar o PSOL. Diríamos, então, que
Heloísa e seus liderados constituem exemplos da exceção no comportamento político.
portaldocatita.blogspot.com
Para isto precisam as pessoas que
constituem exceção na sociedade lutar e fazer crescer o número dos que tem este
modo diferente de ser e de agir na atividade particular e na vida pública até
se tornarem maioria de um lado e de outro.
Quando a sociedade passar por uma
autodepuração, seremos uma nação melhor.
Haverá menos policiais corruptos, menos parlamentares, menos executivos,
menos juízes.
A ideia de “levar vantagem em tudo” é
uma tolice, porque todos pagam caro. A “vantagem”
não dá para todos. E a maioria fica em
carência diante do trabalho mal remunerado, da falta de segurança, dos maus
serviços públicos, dos impostos elevados, da rapinagem, das extorsões, dos
assaltos explícitos ou dissimulados, da carestia dos bens de primeira
necessidade, da falta de escolas e conhecimentos gerais, do analfabetismo.
A vantagem é fruto do egoísmo,
concentração de bens, falta de solidariedade, desonestidade.
Somos por força da Natureza seres
sociais. Ninguém vive só, por si mesmo.
Desde o nascimento somos dependentes de outrem, não só no fator biológico, como
no afetivo. Até a origem de nossa vida,
a fecundação, depende do compartilhamento de mais de um ser. A reciprocidade independe de opção. É
essência.
Em um pensamento mais amplo,
descobrimos que, se tiramos algo de alguém, estamos tirando de nós mesmos.
Somos um pouco de cada um. Cada um é um
pouco de nós. Por isto, o avarento é
insaciável. Quanto mais acha que tem, mais quer. E se torna um eterno carente.
Leonel Brizola, um dos raros políticos que
o país já teve disse: “Somente a estrutura socialista resolverá os problemas da
humanidade”. Fica entendido que nessa
estrutura cada um tem de produzir para ter; e parte do que produz é de
todos. Do mesmo modo, cada um
compartilha com aquilo que os outros produzem.
Essa inter-relação leva à paz social, a sentir felicidade com a
felicidade alheia.
Neste sentido é que a sociedade, a
comunidade, tem de avançar: melhorando o procedimento do indivíduo para o grupo
familiar; deste para todos. E de todos
saírem aqueles que comporão a classe
política, produtora das leis para os demais; intermediária e administradora dos
bens, aspirações, interesses e expectativa de todos, sempre norteada pelo senso
de justiça, mérito e a mais próxima equidade possível.
(Franklin Netto –
viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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