Passados
mais de quarenta dias do Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco “Geraldo
Santos Pereira”, fica uma dúvida, se observarmos a tentativa do resgate de sua memória através
dos depoimentos dos seus conhecidos, amigos, da esposa e da filha: nosso grande cineasta está mesmo
com o mal de Alzheimer, ou poderia ser amnésia?
Pesquisamos
e encontramos vários pontos de vista e até matéria elaborada pela Unicamp.
Vale a pena
observar:
- Amnésia é passageira enquanto alzheirmer é
uma doença degenerativa.
- Amnésia é temporária e
alzheimer é progressiva.
- As principais diferenças
são as bases etiológicas, enquanto a amnésia pode ter sua causa por drogas ou
traumas ( tipo o álcool ou traumas orgânicos e psíquicos), o alzheimeir tem uma
lesão de uma área cerebral que ainda há longo prazo e ainda não se sabe com
precisão total a etiologia ( causa exata) da doença.
- amnésia pode ser
temporária enquanto alzheimer é degenerativa.
- amnésia vc perde a memória por causa de uma pancada e o mal de alzheimer
por uma doença.
- alzheimer é uma doença e
amnésia é um sintoma
- A amnésia é um sintoma e
o mal de Alzheimer é uma doença. O doente de Alzheimer sofre de amnésia, mas
uma qualquer pessoa pode ter amnésia sem estar com a doença de Alzheimer.
- O Alzheimer é uma doença
degenerativa que cursa com amnésia de fatos recentes. Como foi dito, a amnésia
é apenas um dos sintomas.
Melhora
no diagnóstico permitirá detecção precoce de Alzheimer
terça-feira
11 de dezembro de 2007.
O Alzheimer afeta cerca de um milhão de brasileiros. O diagnóstico
disponível é feito quando o paciente já apresenta perda de memória com déficits
cognitivos. Este quadro poderá ser minimizado com o aperfeiçoamento dos
critérios de diagnóstico, a exemplo do trabalho liderado pelo neurologista
Bruno Dubois, que permitirá detectar a doença em estágio inicial, aumentando a
eficácia dos tratamentos disponíveis.
Em 1984, foi
desenvolvido um dos critérios de diagnóstico de Alzheimer mais utilizados nos
dias de hoje, o NINCDS-ADRDA. De lá para cá houve muitos avanços no combate à
doença que, apenas no Brasil, afeta um milhão de pessoas. No entanto, o
diagnóstico é feito quando o paciente apresenta perda de memória com déficits
cognitivos. Este quadro poderá ser minimizado com o aperfeiçoamento dos
critérios de diagnóstico da doença, a exemplo do trabalho liderado pelo
neurologista francês Bruno Dubois, que permitirá detectar o Alzheimer em
estágio inicial, aumentando a eficácia dos tratamentos disponíveis.
Para a
equipe de Dubois, já estava mais do que na hora de usar esses avanços em prol
de um NINCDS-ADRDA revisado e moderno. Os resultados, publicados em artigo no
periódico britânico Lancet
Neurology (vol. 6, ed. 8,
2007), foram baseados na associação de dados e parâmetros de análise clínica
com exames laboratoriais, análise de líquor, ressonância magnética e tomografia
por emissão de pósitrons (PET, na sigla em inglês) em regiões específicas de
ação da doença, como o hipocampo e o córtex entorrinal. Muitos desses processos
já fazem parte do diagnóstico atual da doença, inclusive no NINCDS-ADRDA. Mas a
combinação de tais métodos da forma como propõe a equipe de Dubois é que pode
levar a um diagnóstico precoce.
Azheimer
O primeiro sintoma de Alzheimer é amnésia. Imagem: Bill Sanderson
/ Bruno de Bois et. al
“Com o
diagnóstico novo, mostrando parâmetros que apontam para lesões compatíveis com
a doença, é possível tratar precocemente”, explica Benito Damasceno,
coordenador do Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Segundo ele, os critérios atuais de diagnóstico só permitem que se
detecte o Alzheimer quando o paciente manifesta outros déficits cognitivos,
sejam de linguagem, percepção, destrezas motoras ou funções executivas, que é
quando se perde a capacidade de realizar tarefas fora de casa, como fazer
compras.
O novo
critério ainda precisa da aprovação por consenso da comunidade médica nos
congressos internacionais e comitês de ética para ser utilizado clinicamente.
Além disso, é preciso ressaltar que sua realização é mais cara e alguns procedimentos
necessários a sua prática ainda não estão disponíveis no Brasil. O Alzheimer
não tem cura. Os tratamentos medicamentosos atuais conseguem apenas estabilizar
temporariamente a deterioração do tecido cerebral em parte dos pacientes, além
de restabelecer alterações de humor geradas pela doença como apatia e
depressão. Apesar da incerteza quanto à eficácia, tais remédios custam caro. O
custo do tratamento mensal sai por R$ 200 em média e são comuns efeitos
colaterais que vão de problemas gastrintestinais à tontura, falta de apetite
com ocorrência de anorexia, sonolência e suor corpóreo elevado. “Não se pode
criar outra doença além da que o indivíduo já tem”, enfatiza Damasceno.
Entre os
fatores que desencadeiam o Alzheimer está a ação nociva de, principalmente,
duas proteínas: a beta-miloide e a tau hiperfosforilada. Enquanto a primeira
age mais na região externa do neurônio, causando uma reação inflamatória,
destrutiva, a segunda age no interior celular, destruindo a arquitetura da
célula, seus microtúbulos. O resultado é que os neurônios não conseguem mais
transportar substâncias.
Despreparo
no diagnóstico
Atualmente,
o Sistema Único de Saúde (SUS) permite que se façam exames clínicos e
laboratoriais para o diagnóstico de Alzheimer. Tomografia convencional e
ressonância magnética também são pagas pelo Estado em regiões em que existam
tais equipamentos.
“Não é
difícil diagnosticar a doença. Mesmo com os métodos pagos pelo SUS chegamos a
um diagnóstico eficaz de 80%. Os demais 20%, apesar de preencher os critérios
de Alzheimer, mostram outra lesão na análise patológica pós-morte do paciente”,
afirma o neurologista.
Damasceno
também diz que, atualmente, mais casos de Alzheimer são diagnosticados que no
passado graças à melhor capacidade de diagnóstico dos médicos. Isso ocorreu
devido, em parte, ao patrocínio da indústria farmacêutica no aperfeiçoamento
desses profissionais. “A intenção da indústria é que os médicos prescrevam seus
medicamentos em pacientes que realmente tenham a doença pois, caso contrário,
eles [os medicamentos] vão falhar”, defende.
Apesar dos
avanços, o problema maior no diagnóstico da doença continua sendo o despreparo
de alguns médicos. “Hoje em dia ainda tem neurologista que não consegue
diagnosticar Alzheimer, pois acha que é outra coisa. Ou pior ainda. Basta o
paciente se queixar de problema de memória para muitos profissionais
diagnosticarem a doença ou indicarem uma tomografia sem fazer um exame
detalhado ou exame de sangue para ver se há deficiência de vitamina B12 ou de
hormônio da tireóide, fatores que também causam demência. E aí prescreve o
medicamento precipitadamente”, lamenta Damasceno.
A pesquisa
mostra que até o mundo científico não tem uma informação consistente sobre o
problema. E aí nos sentimos à vontade
para refletir.
Os conhecidos
e amigos de Geraldo falaram do artista, da pessoa humana, cada qual mostrando
uma faceta de sua personalidade. A
esposa e filha falaram do chefe de família impregnado do fator cinema, de certa
maneira em uma relação conflitante.
Gostaríamos
de ver a opinião de algum psicanalista a respeito. Nas pesquisas ninguém abordou a questão da
Mente - formada pelo Subconsciente(Id), o Consciente(Ego) e a
Consciência(Super-Ego) – fortemente afetada pelos fatores emocionais.
Parece-nos
que Geraldo era 80% cinema(em uma de suas imagens em ação, ficou cravada a
inscrição:> cinema: uma paixão, um destino) e 20% família(que ele constituiu
já em idade avançada).
Como homem
íntegro, a família também é sua paixão, como dever. Mas que veio muito depois
de a paixão cinema estar fortemente sedimentada na sua formação.
No Inconsciente
estão toda a sua formação, toda a sua vivência, todo o alicerce de seus
estudos, obras, sonhos, realizações que são empurrados para ação do Consciente.
Tudo até aí é cinema. Mas a família reclama o seu pouco tempo para ela.
Laurinha está adulta. A qualquer hora
terá vida própria. Dona Elza pode ficar sozinha. A Consciência procura conter
os impulsos da vontade para atender às necessidades do dever. E o sentimento se
divide. O Id empurra o Ego que fica
contigo pelo Super-Ego. A pressão comprime e o Consciente se desnorteia,
escapa. Não aguenta ficar sem a paixão cinema, nem consegue satisfazer a paixão
família. Sem estrutura existencial, sem
nem saber por que, “deixa de ser”. Não
sabe mais o que é o Geraldo cinema, nem o Geraldo família. Pode ser que seu
ego(consciente) se tenha espirrado para os primórdios da infância, na Água
Limpa de Visconde do Rio Branco a brincar com Renato, aonde não existe o cineasta
nem o chefe de família. Ali está livre
para suas brincadeiras, “atasanando” a pianista Theresinha no seu ‘dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó....
si-lá-sol-fá-mi-ré-dó....’...... ‘cachorro-vai-cachorro-vem....cachorro-vai-cachorro-vem’......
Talvez
esteja se lembrando somente do passado.
O presente dói muito... é melhor esquecer... Não pode existir porque
traz conflito.
Quem sabe é
amnésia, se o trauma do conflito Id-Ego-Super/Ego não tiver lesado os tecidos
do cérebro?
É mais fácil
e cômodo atribuir ao sintoma o grau da doença, nas considerações puramente
orgânicas, sem se aprofundar nas causas que hajam afetado a Psique.
Não seria
comum a homem de intensa atividade intelectual ter, de repente, os neurônios
totalmente apagados.
Nós gostaríamos
de saber notícias de alguma tentativa de reabilitação da memória de Geraldo. A
família não sabe qual é o mal maior: conviver com ele assim, que mal sabe quem
é, ou como antes, ativo, vivendo a sua paixão, embora pouco atento à esposa e
filha.
Quem sabe se
esposa e filha passarem para ele a idéia de que gostam tanto de cinema quanto
ele, e que poderiam ver juntos tantas fitas quantas ele quisesse, se isto fosse
possível?
Tudo são
hipóteses, porque estamos conjecturando à distância, com base nos depoimentos
do documentário EU É GERALDO, que Erick Leite brilhantemente procurou
retratar. E fez o lançamento ao ar
livre, no Jardim da Praça 28 Setembro naquela noite memorável de sábado, 28 de julho,
quando o Luar de Rio Branco brindou a platéia que encantou o Festival.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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