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luisnassif, dom, 09/09/2012 - 21:59
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I
Sem dúvida que o PSB que foi reconstruído a partir
de 1985 tem uma dimensão pessedista que se amplia à medida em que o partido
cresce. Veja-se em Pernambuco: o Governador e depois Senador Nilo Coelho
(Petrolina) era do PSD. Fernando Bezerra Coelho, salvo engano sobrinho de Nilo,
aderiu ao PSB pela via do pessedismo. Veja-se a habilidade de Eduardo Campos em
atrair setores pessedistas e 'converter' setores udenistas ao pessedismo
(veja-se o PSD - o nome não é só coincidência - de Kassab, cuja criação foi
apoiada por Eduardo).
Curiosamente Miguel Arraes entrou no Governo de
Pernambuco pelas mãos de Barbosa Lima Sobrinho, então Governador pelo PSD e com
quem havia trabalhado no Instituto do Açúcar e do Álcool e obteve seu primeiro
mandato pelo PSD (Deputado estadual). O Vice-Governador de Arraes foi também do
PSD (era tio de Sérgio Guerra, o que ajuda a entender a boa relação de Guerra
com Eduardo.
Para mim o grande problema para Eduardo sair
candidato a Presidente prematuramente, em 2014, é que ele terá que compor com o
udenismo (PIG/PSDB/DEM), pois terá que ser o candidato do anti-lulismo. É uma
jogada de risco, pois ele pode terminar sendo 'capturado' pelo udenismo (como o
próprio PSDB foi) e não há como aceitar o programa udenista e compor com o
pessedismo ao mesmo tempo (essa impossibilidade é que explica a perda de base
social e o isolamento crescente do regime de 64).
II
A propósito, o rancor e mesmo o ódio que o elitismo
udenista sente por Lula é que se sentiu traído pelo metalúrgico, pois a
perspectiva dessa vertente político-ideológica (umas das 3 principais do Brasil
junto com o pessedismo e o trabalhismo/populismo) é que Lula faria uma espécie
de governo udenista de esquerda e Lula deu um giro e foi resgatar a herança
trabalhista/populista e buscar a composição com o pessedismo para não ser
isolado e derrubado.
Ainda a propósito, a manipulação e a
espetacularização político-midiática do julgamento do 'mensalão' é nada mais
nada menos do que uma demonstração de força da vertente político-ideológica
udenista-elitista, que detém isoladamente maior 'poder de fogo' no País, poder
que só pode ser enfrentado pelas outras duas vertentes somadas. O
trabalhismo/populismo - ou o pessedismo - isolados são derrotados pelo
udenismo/elitismo. Foi o trágico desacerto entre o trabalhismo e o pessedismo
que levou ao golpe de 64. Foi o acerto entre o trabalhismo/populismo e o
pessedismo que evitaram o 'impeachment' de Lula em 2005/2006 e propiciaram a
governabilidade de lá para cá.
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