A escolha de
Marina, artigo de Montserrat Martins
Imagem: ABr
[Ecodebate] É verdade que Marina Silva está
apoiando poucos candidatos em todo o país. Em São Paulo , por exemplo, não está
com nenhum candidato a prefeito; no Rio, quem está na expectativa do seu apoio
é o Freixo.
Os gaúchos podem estar se perguntando porque ela escolheu o Villa,
em Porto Alegre. Não foi uma escolha partidária, apesar da propaganda do Villa
grifar que ele é o candidato do PT. Em Canoas ela não está com o prefeito do PT
e sim a Gisele Uequed. Que critérios então fazem Marina (atualmente sem
partido) escolher alguém, dentre os que pedem apoio?
Vários candidatos
prometeram seguir o programa Cidades Sustentáveis, mas poucos se manifestaram
numa questão vital para o país: o desmonte do Código Florestal, aumentando o
desmatamento. Poucos resistiram e ainda resistem, no Congresso, ao assédio e às
pressões da bancada ruralista, do agronegócio: alguns parlamentares esparsos em
partidos diferentes mas principalmente os do PV, do PSol e de parte do PT.
Pois
o Villa foi um dos poucos políticos que, ao pedir o apoio da Marina, tinha no
seu currículo a participação na campanha “Veta, Dilma”, aliás um dos primeiros
atos que promoveu para marcar sua posição publicamente.
Trata-se de uma lei
federal de importância análoga à Constituição, considerando o risco ao
patrimônio ambiental do país. O que isso tem a ver com os municípios, já que as
eleições desse ano são nesse âmbito? No caso de Porto Alegre, uma das capitais
com área rural mais expressiva, é bom sabermos o que pensam os candidatos sobre
essa questão, pois são crescentes as pressões para construir nessa área, para
tratá-la como “rururbana”, como querem grandes empresas de construção civil.
Há questões
concretas a serem enfrentadas pelas prefeituras, então, que vão além dos
discursos teóricos de “sustentabilidade”, é preciso saber na prática a posição
de cada um diante das pressões econômicas, seja do agronegócio ou das grandes
construtoras. E é nas cidades cada vez mais que se dão grandes embates do
século XXI, pois pela primeira vez a maior parte da população mundial já é
urbana.
“Sustentabilidade”
é conceito amplo, transversal, que vai muito além da preservação, mas para não
ser uma “palavra vazia”, demagógica, tem de ser coerente com as posições
políticas diante da própria legislação federal. Quer dizer, o programa do Villa
para sua cidade conquistou a confiança da Marina não apenas pelas boas propostas,
mas também pelos compromissos públicos assumidos pelo candidato. Uma grande
responsabilidade para o Villa, que escolheu como lema “prefeito de verdade”,
quer dizer, uma promessa de projetos e plantas de verdade para a capital.
A participação da
Marina Silva nessa eleição serve para nos lembrar que muito está em jogo nas
eleições municipais, que os grandes temas do país e de cada cidade devem fazer
parte dos debates em 2012.
EcoDebate, 10/09/2012
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