quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Campanha eleitoral deste ano está mais civilizada


                                       

Seja por contenção de despesas imposta pela legislação eleitoral, seja pelas queixas da população nas campanhas anteriores, este ano está havendo menos incômodo para a população, na propaganda dos candidatos.

Os carros de som com os terríveis decibéis de volume parecem ter ficado no passado, quando, na passagem das carretas cheias de auto-falantes, faziam tremer as paredes e ferir os tímpanos de quem exercia atividades normais, ou estava de repouso. Chegava a ser agressão sonora que poluíam o ambiente por onde passavam. Alguns chegavam a parar em pontos de movimento, como uma imposição de força que deveria penetrar nas pessoas e convencê-las da aceitação daquelas imprudentes mensagens.

Preferimos acreditar que tenha havido evolução dos marqueteiros e coordenadores da divulgação dos candidatos. Devem ter chegado à conclusão de que aquele estilo de propaganda gerava efeito contrário. Ao invés de conquistar simpatia e adesão, irritavam e levavam à perda de votos. 

Se for uma evolução por civilidade, a comemoração pela vitória, depois das eleições, deverá vir com menos estardalhaço, sem aqueles rojões jogados nos quintais e nas portas dos perdedores.

Desde priscas eras, é conceito de honra “não tripudiar sobre o adversário vencido”. 

Comemorar a vitória, soltar foguetes, cantar, dançar, fazer discurso de euforia, é normal, como direito de quem ganhou uma batalha. 

Mas, principalmente na política, onde, passadas as eleições, todos voltam à condição de  cidadãos comuns, que terão de retornar às atividades de rotina, conviver uns com os outros, como conterrâneos, vizinhos, colegas de trabalho, ou de escola...  a civilidade tem que nortear os procedimentos.

Em eleição só ganha quem tem mais votos. E perde quem também disputa.  Não existe empate, como no futebol.

Enquanto se apura a votação, uns vibram, outros choram, nos momentos alternados em que seus candidatos tomam a dianteira, do mesmo modo como procedem as torcidas nos estádios a cada gol conquistado.  Depois do resultado – ainda mais aqui e em demais cidades menores -, todos voltam para casa, alguns a pé, outros dividindo poltronas dos carros, uns gozando a cara dos outros, conforme a posição de torcedores de cada clube.

Os eleitores também torcem, vibram e choram por seus candidatos.  E, depois do jogo político, cada um põe a sua viola no saco, porque todos vão pagar impostos aos vencedores quando empossados.

O respeito ao adversário, com o tempo, conquista mais do que perde.  Ao contrário da agressividade, que só faz perder aliados, e atrair antipatia, rejeição e repúdio.  E nada acrescenta de positivo.

Se tivermos avançado no estilo das campanhas, precisaremos avançar na forma do uso dos recursos públicos e no zelo pela ética administrativa, de maneira a evitar a improbidade, com as contas compatíveis com os tribunais específicos. 

A nomeação de pessoal deve atender à legislação que determina o concurso público, para que o preenchimento de vagas se dê por mérito, de acordo com a capacitação técnica de cada um para cada área. Os apadrinhamentos são injustos na maneira de “fazer cortesia com o chapéu do povo”, que nem sabe que banca essas benesses.

Os tribunais e colegiados de juízes precisam fazer valer a Lei da Ficha Limpa para atender à demanda popular, que espera desde 2010 os seus resultados. O Poder Judiciário, em sua mais alta instância(STF), postergou para 2012 a sua eficácia, com a alegação de que não poderia vigorar no ano de sua aprovação.

Com tanto “gato” que existe nas instalações da administração pública, muito pouco ou quase nada vemos apurado para crermos que há interesse no pente fino necessário para despoluir o elenco dos agentes tóxicos que infestam a vida pública.

O financiamento privado de partidos e campanhas continua a ser um poluente ativo no ambiente político, porque coloca os eleitos na dependência dos financiadores.  Para pagar-lhes as dívidas não raro o recurso acaba sendo o superfaturamento de obras, serviços e bens. 

A réstia de esperança fica por conta da evolução gradual e lenta, como a verificada no estilo das propagandas. 

Que venham assim as comemorações da vitória e a governança a partir de 2013.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
  

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