Nos 5.568
municípios brasileiros, as campanhas se acirram nesta reta final. Muitos, com mais de 200 mil eleitores, poderão
ter segundo turno. Quanto maior o município, maior a possibilidade de haver
vários candidatos na disputa para prefeito.
Minas Gerais
tem 853 cidades. Uberlândia é a maior do Triângulo Mineiro e tem três
candidatos a prefeito. Enquanto
Contagem, principal município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem
seis candidatos.
A proporção
parece uma tendência, mas não é regra.
Visconde do Rio Branco, com 37.942 habitantes, tem também três candidatos.
Dois polarizam a preferência dos eleitores. Isto acontece em quase todos
os pleitos com vários candidatos. A polarização nem sempre se dá por diferenças
marcantes entre eles. É o jogo em torno do poder, quando o
financiamento privado de campanha procura nomes que não afetem o status social
vigente. O interesse nessa manutenção tirou dos partidos o sentido ideológico,
doutrinário, de princípios. As siglas de aluguel viraram “balcões de negócio”,
como disse o deputado Paulo Ramos, em relação ao PDT nacional dirigido por
Carlos Lupi, depois da morte de Brizola.
Assim,
tivemos em várias eleições, desde presidente da república até os municípios,
disputa entre iguais: Lula/FHC; LULA/Serra; Dilma/Serra. Todos tiveram passado aparentemente pela
esquerda. E, na prática de governo, executaram programas neoliberais, com algum
flerte dirigido aos menos favorecidos. Sem, entretanto, qualquer medida efetiva
de distribuição de renda.
Os
financiadores, do alto da pirâmide social, jamais investiriam em alguém que
sinceramente viesse a se empenhar na distribuição de renda. Mais dinheiro para chegar ao eleitor para
evitar maiores bens destinados ao cidadão.
Imagem: fabiopereira.wordpress.com
Onde houver polarização, as preferências tendem a se definir daqui para frente. Quem tem
espaço para crescer, continuará crescendo sobre os indefinidos, a depender do
que oferecer de novidade na expectativa da população.
Quem já
tiver esgotado seu espaço, estaciona ou cai na preferência popular, porque a
maioria dos indecisos decide pelo que mostra maiores possibilidades de
ganhar. Ainda existe a cultura de quem “não
gosta de perder o voto”, como se votar em quem se elege significasse “ganhar o
voto”.
Para ter
conhecimento de seu desempenho, cada candidato tem no patrocinador de sua
campanha um sistema próprio de realizar pesquisas, que funciona na cúpula de
cada lado. Nem todos os militantes têm acesso às informações.
Mesmo em queda, o grupo passa para os
correligionários a idéia de que está na frente, para não abalar o moral do
grupo.
Mas parece
que há no semblante coletivo uma informação subliminar. E quem se habitua na
lide, percebe que “o mar não está para peixe”.
Quando
alguém agita uma bandeira nos pontos estratégicos da cidade e sente indiferença
dos que passam, o seu entusiasmo se arrefece.
A agitação passa a ser um gesto puramente mecânico, como um monjolo a
bater suas pancadas ocas, monótonas, sem alma e sem coração.
A partir
desse ponto, os valores de civilidade devem sobressair. Prováveis ganhadores precisam de humildade
para merecer vencer; e prováveis perdedores precisam de altivez, para saber
perder. Afinal, ganha quem tem mais
votos. E perde quem também disputa. O
jogo político não tem empate, como no futebol.
Quem entra tem de estar preparado para qualquer resultado. O fato de concorrer já é um mérito. Do
contrário, seria o “samba de uma nota só”.
Mesmo que nossa
democracia sofra a mácula dos financiamentos privados de campanha, mesmo sendo
uma meia democracia diante da ditadura do dinheiro, é preferível a uma Ditadura
escancarada e cheia de torturas, como tivemos nos 21 anos de 1964 a 1985.
Sair daquela
ditadura foi um passo. Na verdade, ela caiu de podre. E procurou perpetuar-se
no sistema que a seguiu. Cabe ao povo aperfeiçoar o processo, mesmo que demore,
mesmo que tarde. Mas caminhando sempre.
A Lei da
Ficha Limpa, de iniciativa popular, foi um passo, embora não haja mostrado
ainda seus resultados. O processo histórico é assim mesmo. Tem que nascer de uma idéia. Alguns são
sacrificados, quando essa idéia é tida como heresia. De geração em geração amadurece. Tem que ser mantida a indignação sempre....
sempre....
Um dia
chegaremos a ter eleições limpas, com alternativas realmente populares, que
tragam transformações sociais, com justiça, educação em todos os níveis para
todos, sem depender de empréstimo-bolsa, que deixa o estudante endividado antes
de ter uma profissão.
A vida
social e política gira em ciclos. Leva
tempo para a população descobrir por quem é enganada. Leva tempo para saber a
diferença entre concentração e distribuição de renda. Leva tempo para saber que tem direito
constitucional a quatro vezes o salário mínimo vigente. Puxa! Se
nem os professores recebem esse salário, como vão ensinar aos alunos que seus
pais têm esse direito?
O tempo é
pai de todas as verdades. Todo fruto precisa de tempo para amadurecer.
Um dia a
Ficha Limpa mostrará seus efeitos. Atrás
dela virão outras leis: fidelidade partidária, probidade administrativa, regras
iguais para vencimentos de políticos e salário de trabalhadores, acesso à
educação e ao conhecimento amplo.
Período
eleitoral é oportunidade para campanha cívica, que desperte no povo o
conhecimento de seus deveres e a contrapartida de seus direitos.
Ninguém,
nenhum grupo, nenhuma classe consegue enganar a todos durante todo o tempo.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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