sexta-feira, 20 de julho de 2012

Segunda-feira começa o 1º Festival de Cinema Rio-branquense Geraldo Santos Pereira



Está chegando a hora para o marcante acontecimento na cidade: o 1º Festival de Cinema Rio-branquense Geraldo Santos Pereira, que vai durar de Segunda a sexta-feira, no Autitório Jotta Barroso, na Av. São João Batista – Água Limpa, onde nasceram os irmãos gêmeos Geraldo e Renato Santos Pereira, ambos com o pré-nome de José, pouca vezes mencionado na sua identificação. No sábado, encerramento, com a exibição de EU É GERALDO, baseado em resgate da memória do cineasta, não pelo que ele conta.  O mal de Alzheimer o impede.  Mas no que os amigos, conhecidos e companheiros de trabalho recordam. 

Os irmãos Santos Pereira saíram crianças de Visconde do Rio Branco.  Geraldo formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. 
Por sua afeição à escrita, “ganhou um concurso da embaixada francesa, que dava uma bolsa de estudos na Universidade de Literatura de Paris para a melhor resposta à pergunta  Pourquoi vous aimez Paris”, conforme conta Erick Leite, em sua pesquisa. O próprio Erick acrescenta: “Geraldo Santos Pereira, que não desgrudava de seu irmão gêmeo, José Renato Santos Pereira, pediu ao seu pai, juiz de Visconde do Rio Branco, que solicitasse ao governador Juscelino Kubitschek uma bolsa de estudos para o irmão, para que não se separassem.”

A bolsa foi concedida.  E os irmãos prosseguiram seus estudos para se tornarem os cineastas donos de um dos mais ricos currículos na arte cinematográfica do Brasil.
Geraldo tem formação profissional na Faculdade de Direito UFMG; no Institut dês Hautes Etudes Cinématographiques Paris: Produção-Realização – 2 anos; Education Par Le Jeu Dramatique – Paris; Literatura Contemporânea – Sorbonne – Paris; Curso de Inglês – Brasas – Rio de Janeiro.
Na sua experiência profissional, constam: 1º Assistente de Direção nos filmes “Uma Pulga na Balança!, de Luciano Salce, e “Luz Apagada”, de Carlos Thiré, na Companhia Vera Cruz, São Paulo.
É grande a sua realização profissional: a) – Filmes de Curta-Metragem – Documentários –
a)
1)  “Educação e Desenvolvimento – 1956; 2) “Escolas Técnicas do Brasil” – 1956; 3) “Campanha de Educação Física” – 1956; 4) “Formando Geólogos para o Brasil” – 1957; 5) “Mineralogia Brasileira” - 1957; 6) “Museu Nacional” – 1957; 7) “O Mosteiro de São Bento” – 1958; 8) “Roteiro Barroco Mineiro: Diamantina” – 1958; 9) “Roteiro Barroco Mineiro: Ouro Preto – 1959; 10) “A Pintura Brasileira” – 1960; 11) “O que é o IPHAN” – 1960;  12) “Fazenda-Escola” – 1965; 13) “Serra da Piedade – 1966; 14) “Bens de Capital” – 1971; 15) Peixe: Alimento e Riqueza – 1972.
b) Filmes de Longa-Metragem
    1) “Rebelião em Vila Rica” – 1957, em Agfacolor” (o primeiro filme em cores realizado no Brasil.
         Prêmios: Melhor Filme no Festival do Cinema Brasileiro de Umuarama, Paraná; “Mention d’Honneur” no Festival Mundial do Filme de Bruxelas, 1958.
         Co-direção de Renato Santos Pereira.

2)  “Grande Sertão”, 1965, baseado no romance “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. Co-direção de Renato Santos Pereira.
3)  “Balada dos Infiéis”, 1970, em cores. Produção e Direção de Geraldo Santos Pereira. Inspirado no conto “Água de Juventa”, de Coelho Neto.
4)  “O Seminarista”, 1977, em cores. Adaptação do romance “O seminarista”, de Bernardo Guimarães.
Prêmios: Melhor Fotografia, no Festival de Gramado.
Melhor filme Nacional de 1977, pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Uma das maiores bilheterias de 1977.


5)  “O Sol dos Amantes”, 1979 em cores. Roteiro, Direção e Produção de Geraldo Santos Pereira.
6)  “O Aleijadinho – Paixão,  Glória e Suplício”, 2000, em cores.
Melhor Ator(Maurício Gonçalves), no Festival de Recife.
Selecionado e exibido no Tenth Annual African Diaspora Film Festival, de Nova York, 2002. Exibido em Chicago, na seleção “Best” do AFDF.  Em processo de distribuição pela Armattan Productions nos Estados Unidos, Canadá e países de língua inglesa.


Nos seus PROJETOS E ROTEIROS CINEMATOGRÁFICOS estão:
1)    “Ciranda Barroca”, adaptação e diálogos de João Felício dos Santos.
2)    “Noite e Diamante”.
3)    “Um filho Para a Princesa”(em torno da estada da Princesa Isabel na estância hidromineral de Caxambu.
4)    “Flood”(Inundação), projeto ambientado na Amazônia.
5)    “Fuga para o Inferno, projeto ambientado na Amazônia.
Geraldo tem no rol de ATIVIDADE PROFISSIONAL – JORNALISMO:
1.    Redator de “O Diário”, Belo Horizonte.
2.    Redator e crítico de cinema do “Estado de Minas”
3.    Redator da coluna “Feirinha Noturna”, com Renato Santos Pereira, no jornal “Folha da Noite”, de São Paulo.
4.    Crítico de cinema do “Diário Carioca”, Rio de Janeiro.
5.    Crítico de cinema do Diário de Notícias, Rio de Janeiro.
6.    Redator da revista “Manchete, Rio de Janeiro.
7.    Redator da revista “Luz e Ação, Rio de Janeiro.
Em ATIVIDADE CULTURAL, relaciona:
1.    Fundador do Clube de Cinema de Minas Gerais, 1946. Belo Horizonte.
2.    Fundador da sociedade “Claude Debussy”, inaugurada com visita de Heitor Villa Lobos, 1947.
3.    Membro da delegação mineira ao 1º Congresso Brasileiro de Escritores, 1944.
Em ATIVIDADE PEDAGÓGICA, inclui:
1.    Professor do curso de Cinema do Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1953.
2.    Professor do Curso de Cinema da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, 1997.
3.    Palestras na apresentação do filme “O Aleijadinho” para escolas e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Nas ATIVIDADES OFICIAIS E ASSOCIATIVAS, estão:
1.    Membro e Secretário-Geral da Comissão Federal de Cinema, Rio de Janeiro, 1956.
2.    Membro e Secretário-Geral do Grupo de Estudos da Indústria Cinematográfica, Rio de Janeiro, 1958.
3.    1º Secretário do Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica em diversos períodos.
4.    1º Secretário da Associação Brasileira dos Produtores Cinematográficos em diversos períodos.
5.    Membro da Associação Mineira de Cineastas.
Sua experiência aparece também em OBRAS PÚBLICAS:
1.    “Plano Geral do Cinema Brasileiro, Editor Borsoi, 1973.
2.    “O Sol dos Amantes”, Editora José Alympio e Embrafilme, 1979.
3.    “Ciranda Barroca”, Editora Grupiara, 1984.
Recebeu PRÊMIOS E CONDECORAÇÃO:
1.    1º Prêmio de Poesia do Concurso “Saint-Exupéry”, organizado pelo jornal ”O Globo”(viagem a Paris).
2.    Um dos seis premiados no Concurso de Roteiros Originais, organizado pelo Instituto Nacional de Cinema e Embrafilme, 1976, com “O Cangaceiro e o Samurai”.
3.    Condecorado com a Medalha do Aleijadinho, conferida pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto, 1978.
E, finalmente, em ATIVIDADE TEATRAL:
         Autor da peça teatral “Ver ou Não Ver”, direção de Geraldo Otaviano e interpretação de Shelmer Kvar e Lorelai Schneider, apresentada no Palácio das Artes, de Belo Horizonte, 2002.
         Esta matéria é fundamentada em correspondência de 22 de maio de 2006, quando Geraldo Santos Pereira nos dizia: “irei com prazer a Visconde do Rio Branco para exibição de “O Aleijadinho” e realizar palestras sobre nosso cinema e sobe o grande francês Gui Thomaz Marlière, que residiu em nossa terra e é hoje uma grande figura da história brasileira, pois foi o pacificador de várias tribos de índios que dominavam a Zona da Mata e tem uma biografia fabulosa, pois foi soldado de Napoleão Bonaparte, desertou, foi para Portugal e depois veio para o Brasil com a comitiva de D. João VI, fugindo das tropas invasoras de Napoleão. Há dois livros biográficos sobre Marlière, um de Afrânio do Melo Franco e outro de nosso conterrâneo e muito ilustre historiador, Oiliam José, que é casado com minha prima Glorinha, irmã do saudoso Firmino de Almeida”, que você conheceu.  O livro do Oiliam se chama “Marlière, o Civilizador”.
         No final de sua correspondência, Geraldo dizia:
         “Eu ficaria muito feliz se fosse dado o nome de CENTRO CULTURAL GUI THOMAZ MARLIÈRE, ao Cine-Teatro que, espero, o povo riobranquense saiba restaurar e inaugurar brevemente”.
         O grande cineasta veio à nossa cidade naquele ano, visitou o monumento a Guido Marlière, em Guidoval, exibiu o Aleijadinho e realizou palestra no Teatro Jotta Barroso e na Praça 28 de Setembro, mesmos lugares onde agora se realiza o !º Festival de Cinema Rio-branquense Geraldo Santos Pereira de segunda-feira próxima a sábado, com exibições de filmes produzidos por cineastas iniciantes, do próprio Geraldo, e que encerrará com a história desse artista que dá nome ao Festival.  
         O tempo passou e seu ideal continua pendente.  A restauração do Cine-Teatro, ou a criação do CENTRO CULTURAL continuam a depender do povo riobranquense, através de seus representantes nos poderes executivo e legislativo.   Fica a critério da população o impulso para esta conquista de civilização e cultura.    





(Franklin Netto)

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